Junto a meu leito, com as mãos unidas,
Olhos fitos no céu, cabelos soltos,
Pálida sombra de mulher formosa
Entre nuvens azuis pranteia orando.
É um retrato talvez. Naquele seio
Porventura sonhei doirada noite
Talvez sonhando desatasse sorrindo
Alguma vez nos ombros perfumados
Esses cabelos negros, e em delíquio.
Nos lábios dela suspirei tremendo.
Foi-se minha visão. E resta agora
Aquela vaga sombra na parede
- Fantasma de carvão e pó cerúleo,
Tão vaga, tão extinta e fumarenta.
Como de um sonho o recordar incerto.
A.de Azevedo.
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