domingo, 3 de outubro de 2010
Prece para o Bardo.
Eu e todos os seres através do espaço, sem exceção,
Buscamos refúgio até a suprema iluminação
Nos Buddhas do passado, do presente e do futuro, no Dharma e na Sangha.
Possamos ser libertados dos temores desta vida, do bardo e da vida seguinte.
Possamos extrair a essência significativa da sustentação desta vida,
Sem sermos distraídos pelas questões insensatas da vida,
Pois esta boa base, difícil e fácil de se desintegrar,
Apresenta a oportunidade de escolha entre o lucro e a perda, o conforto e a miséria.
Possamos compreender que não há tempo a perder,
Pois a morte é definida mas a hora da morte é indefinida.
O que se reuniu se separará e o que acumulou será consumido sem resíduos.
No fim da subida vem a descida, o fim do nascimento é a morte.
Possamos ser aliviados do intenso sofrimento decorrente das várias causas da morte
Quando estivermos neste lugar de concepções errôneas de sujeito e objeto,
Quando o corpo ilusório —formado pelos quatro elementos impuros —
E a consciência estiverem para se separar.
Possamos ser aliviados das aparências equivocadas da não-virtude
Quando, enganados no momento de necessidade por este corpo que tratamos com tanto carinho,
Os temíveis inimigos — os senhores da morte — se manifestarem
E nos aniquilarem com as armas dos três venenos — cobiça, ódio e ignorância.
Possamos recordar as instruções da prática
Quando os médicos desistirem e os ritos de nada adiantarem,
Os amigos tiverem perdido a esperança na nossa recuperação
E nada mais nos restar a fazer.
Que tenhamos a confiança da alegria e do prazer
Quando a comida e a riqueza acumuladas com ganância forem deixadas para trás
E nos separarmos para sempre de amigos queridos e muito desejados,
Encaminhando-nos sozinhos para uma situação perigosa.
Possamos gerar uma poderosa mente de virtude
Quando os elementos — terra, água, fogo e vento — dissolverem-se em estágios
E a força física for perdida, a boca e o nariz ficarem secos e enrugados,
O calor se recolher, a respiração ficar arquejante e sons chocalhantes emergirem.
Possamos compreender o modo de existir imortal
Quando surgem várias aparições equivocadas temíveis e horríveis,
E em particular a miragem, a fumaça e os pirilampos,
E quando cessar o suporte das oitenta concepções indicativas.
Possamos gerar uma poderosa atenção e introspecção
Quando o componente vento começar a se dissolver na consciência,
E quando cessar a seqüência externa da respiração, quando as aparições dualísticas grosseiras se dissolverem,
E quando surgir uma aparição como uma lamparina de manteiga acesa.
Possamos conhecer a nossa própria natureza
Através do yoga, percebendo o samsara e o nirvana como vazios,
Quando a aparição, o aumento e a quase-realização se dissolverem — os primeiros na última —
E experiências como o luar, a luz do sol e a escuridão penetrantes despontarem.
Que as claras luzes mãe e filha se encontrem
Quando a quase-realização se dissolver no vazio total,
Que cessem todas as multiplicações conceituais e que surja uma experiência
Semelhante a um céu de outono livre de condições poluentes.
Possamos nos fixar na meditação profunda e unidirecional,
Na sabedoria exaltada da bem-aventurança e do vazio combinados,
Durante as quatro vacuidades causadas pelo derretimento do componente branco semelhante à lua
Pelo fogo da poderosa fêmea semelhante ao trovão.
Possamos completar, ao invés do bardo,
A meditação concentrada de ilusão para que, ao deixarmos a clara luz,
Ascendamos em um sambhogakaya que reluz com a glória das marcas e belezas de um Buddha,
Surgidas do vento puro e da mente da clara luz da morte.
Se, devido ao karma, um bardo se estabelecer,
Possam as parições errôneas ser purificadas
Através da imediata análise e compreensão da ausência da existência inerente
Dos sofrimentos do nascimento, da morte e do bardo.
Possamos renascer em uma terra pura
Transformando por meio dos yogas externo, interno e secreto
Quando vários sinais — quatro sons da inversão dos elementos,
Três assustadoras aparições — e incertezas aparecem.
Possamos renascer com o supremo amparo vital de um praticante do tantra que usa o céu,
Com o corpo de um praticante monástico ou de um leigo que possui as três práticas.
E possamos completar a realização dos caminhos dos dois estágios de geração e conclusão,
Alcançando rapidamente, desse modo, os corpos de um Buddha — dharmakaya, sambhogakaya e nirmanakaya.
Panchen Lama, Losang Chokyi Gyeltsen.
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