terça-feira, 18 de agosto de 2009
EM ARQUIVOS PELO MUNDO.
Encontram-se registradas centenas histórias de homens que transformavam-se em lobisomens. Esta estranha metamorfose, de acordo com pareceres psiquiátricos, trata-se de uma idéia insana de pessoas enfermas, que acreditam serem lobos e correm uivando pelos campos. É considerado, portanto, um sério desvio de personalidade, do tipo alucinatório. Os indivíduos que sofrem deste mal são chamados de licantropos. Ao que parece, a licantropia é uma patologia tão antiga quanto o homem e possui um perfil físico característico: sobrancelhas espessas, o dedo médio comprido, unhas longas e avermelhadas, orelhas situadas muito atrás, tem os olhos secos, nunca chora, pele áspera é mal tratada com tonalidade amarelada ou esverdeada e apresentando abundância de pelos e muita sede.
Além das características físicas, também encontramos tipos de conduta muito particulares: são amantes da noite e admiradores da solidão e estão sempre acometidos de profunda melancolia. O licantropo sai à noite para caçar, uivando como lobo, tirando os ossos dos túmulos e amedrontando todos os que com ele se deparam.
No Nordeste "os doentes de amarelão", "empambados", "come-longes", extenuados pela anemia, se transformariam em lobisomens, nas noites de quinta para sexta-feira, segundo a crença popular. Há entretanto, um fundo de verdade nessa crendice. A ancilostomíase, acarretando distúrbios cenestésicos, pode provocar em débeis e predispostos mentais sintomas de alucinação da cenestesia, podendo levar até aos fenômenos de transformação de personalidade.
Existe também a hipertricose, uma patologia que provoca hirsutismo em homens e mulheres e já acometeu personagens ilustres. É o caso de Petrus Gonsalvus (figura abaixo), um poderoso comerciante e armador português do século XVII, que instalou importantes empresas no Brasil.
Segundo explicações médicas, a hipertricose tem origem genética, porém, em alguns casos, pode apresentar-se de forma patológica, vinculada a uma alteração nas glândulas supra-renais, que provoca o crescimento anormal dos pêlos do corpo.
Entretanto, nenhuma explicação científica conseguiu afastar a crença do medo, como ocorre há séculos, do aspecto mágico da licantropia. Os casos de indivíduos que acreditam ser lobisomens e atuam como tais, continuam a engrossar os arquivos policiais e, paralelamente, enriquecendo o folclore popular.
O lobisomem brasileiro é uma concepção onde intervêm velhas crenças européias acrescidas de crenças totêmicas e míticas, de origem ameríndia e africana.
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