Algumas vezes o medo de certos animais é irrazoável e intimamente ligado à repulsão. É o caso de ratos e aranhas que atemorizam muitas pessoas. Mas tal medo, não é por causa do perigo, mas sim pela repulsão violenta que se tem deles.
Nos séculos precedentes acreditava-se na possibilidade da metamorfose física em animal e essa crença persiste até nossos dias. Se ela é tão forte, é por que evoca um passado distante, enterrado em nosso espírito: o da animalidade humana, que, por causa desse temor visceral, torna-se bestialidade.
O lobisomem é o melhor dos exemplos. Se aterroriza, porque evoca uma ferocidade arcaica e a perda da personalidade. A transformação em animal destaca a animalidade que o ser humano rejeita com toda a força. Essa obsessão foi ampliada pelo cristianismo que prega a impureza de certos animais.
Metamorfosear-se em animal, seria pois, não só perder a personalidade humana, mas também voltar a uma natureza primitiva pretensamente inconciliável com a natureza humana evoluída ou suposta como tal. Entretanto, se pensarmos melhor, a bestialidade temida na transformação animal não é do animal, mas do próprio homem, porque essa bestialidade, que se exprime muitas vezes pela violência e pelo sangue, é a monstruosidade humana reprimida no mais profundo do subconsciente
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