domingo, 17 de novembro de 2013

Grande Arcano do Ocultismo Revelado. de Eliphas Levi

O Abade Alphonse-Louis Constant que com o pseudônimo de Eliphas Levi se destacou como Grande Mago e Cabalista do século passado, nasceu em Paris, no dia 8 de fevereiro de 1810, e morreu na mesma cidade em 31 de maio de 1875. Sua convicção e seu pensamento são revelados magistralmente em seu Credo Filosófico: "Creio no desconhecido que Deus personifica, Provado pelo próprio ser e pela imensidade, Ideal sobre-humano da Filosofia, Perfeita inteligência e suprema bondade". Esta obra (Grande Arcano do Ocultismo Revelado) é o testamento do autor: É um dos mais importantes de seus livros sobre Ocultismo. Está dividida em duas partes: 1ª Parte: "O mistério real ou a arte de fazer-se servir pelas Forças". 2ª Parte: "O mistério sacerdotal ou a arte de fazer-se servir pelos Espíritos". PRIMEIRA PARTE: Para magnetizar sem perigo é necessário ter em si a luz da vida, ou seja, ser um sábio e um justo. O homem escravo das paixões não magnetiza, fascina; porém, a irradiação da sua fascinação aumenta em torno dele o círculo da sua vertigem, multiplica seus encantos e debilita cada vez mais a sua vontade. Os indivíduos e as massas a quem a razão não governa, são escravos da fatalidade, a qual rege a opinião que é por sua vez a rainha do mundo. Os homens querem ser dominados, arrastados; as grandes paixões parecem-lhes mais belas do que as virtudes, e, aqueles que chamam de grandes homens, muitas vezes não são mais do que grandes insensatos. Podemos concluir que os loucos são magnetizadores, ou melhor, fascinadores; e, é isto que torna a loucura tão contagiosa. Por não saber medir o que é grande, a maioria das pessoas se apaixona pelas coisas estranhas e ninguém ama tanto a turbulência como o impotente. Gostaríamos de ser sábios, mas, teríamos a certeza de nossa sabedoria enquanto acreditássemos que os loucos são mais felizes e até mais alegres do que nós? Sabedoria, moralidade, virtude, são palavras respeitáveis, porém, vagas, sobre as quais se discute há muitos séculos e sem conseguir entendê-las. A virtude supõe a ação, pois se opomos a virtude às paixões é para demonstrar que ela jamais é passiva. A virtude não é somente a força, é também a razão diretora da força. É o poder equilibrante da vida. É a arte de balançar as forças para equilibrar o movimento. O equilíbrio que é necessário ser alcançado não é aquele que produz a imobilidade, senão aquele que realiza o movimento. Pois a imobilidade é morte e o movimento é vida. A natureza, equilibrando as forças fatais, produz o mal físico e a destruição aparente do homem mal equilibrado. Os animais vivem por assim dizer, por si mesmos e sem esforços: Só o homem deve apreender a viver. A ciência da vida é a ciência do equilíbrio moral. Conciliar o saber e a religião, a razão e o sentimento, a energia e a doçura é o alicerce desse equilíbrio. A verdadeira força invencível é a força sem violência. Os homes violentos são homens débeis e imprudentes, cujos esforços sempre se voltam contra eles mesmos. A raiva faz com que as pessoas se entreguem cegamente aos seus instintos ou inimigos. "Desejai a Luz, pois ela se fará. Não procureis a Vitória pela espada pois o assassino provoca o assassínio. É pela paciência e a doçura que vos fareis senhores de vós mesmos e do mundo". Aquele que toma Tróia é o prudente e paciente Ulisses, que sempre sabe se conter e só fere com golpe seguro. Aquiles é a paixão e Ulisses a virtude. Sem dúvida o autor destes poemas conhecia profundamente o Grande Arcano da Alta Magia, o qual é Único, e tem por objetivo o de colocar o Poder Divino a serviço da vontade do homem. Para chegar a realização deste Arcano não esqueçamos jamais a palavra quadrupla do enigma eterno proposto pela Esfinge: "Saber, na sua cabeça de mulher de olhar penetrante; Querer, no perfil do laborioso touro; Ousar, nas suas garras de leão e Calar, nas suas asas dobradas." Toda substância modifica-se pela ação; toda ação é dirigida pelo espírito; todo espírito dirige-se conforme uma vontade, e, toda vontade é determinada por uma razão. SEGUNDA PARTE: A escravidão de um prazer chama-se paixão. O domínio de um prazer pode converter-se em poder. A natureza coloca o prazer junto ao dever; se o separamos do dever, corrompe-se e nos envenena. Se o juntamos com o dever, o prazer não se separará mais dele, nos seguirá e será a nossa recompensa. Um homem nulo e medíocre poderá chegar a tudo, porém jamais será algo. Um homem apaixonado, que se abandona aos excessos, morrerá por sua própria intemperança, ou será fatalmente arrastado ao excesso contrário. O espírito humano é um doente que ainda caminha com o auxílio de duas muletas: a ciência e a religião. A falsa filosofia tira-lhe a religião, e o fanatismo tira-lhe a ciência. Todo poder mágico está no ponto do equilíbrio Universal. A sabedoria equilibrante está nestas quatro máximas: Saber a verdade, Querer o bem, Amar o belo e Fazer o que é Justo. Porque a verdade, o bem, o belo e o justo são inseparáveis, de tal forma que aquele que sabe a verdade não pode deixar de querer o bem, amá-lo porque é belo e fazê-lo porque é justo. O ponto central na ordem intelectual e moral é o laço de união entre a ciência e a fé. Na natureza do homem este ponto central é o meio pelo qual se unem a alma e o corpo para identificar a sua ação. Todo homem está destinado a atingir este ponto, porque Deus deu a todos uma inteligência para saber, uma vontade para querer, um coração para amar e um poder para operar. O exercício da inteligência aplicada à verdade conduz a ciência. O exercício da inteligência aplicada ao bem da o sentimento do belo, o qual produz a fé. O homem equilibrado é aquele que pode dizer: sei o que é, creio no que deve ser e nada nego do que pode ser. O fascinado dirá: creio no que as pessoas, em quem acredito, me disseram para acreditar. Creio porque amo a certas pessoas e certas coisas. Em outros termos, o primeiro poderá dizer, creio pela razão e o segundo, creio pela fascinação. Porque é tão frio o homem quando se trata da razão, e tão ardente quando combate a favor de uma quimera? É que o homem, apesar de todo seu orgulho, é um ser que não ama sinceramente a verdade, senão que, pelo contrário, venera as ilusões e mentiras. Vendo que os homens são loucos, diz São Paulo: "Queríamos salvá-los pela sua própria loucura, impondo o bem à cegueira da sua fé". Aqui temos o Grande Arcano do Catolicismo de São Paulo, enxertado no Cristianismo de Jesus e completado pelo Jesuitismo de Santo Inácio de Loyola. É necessário absurdos às multidões. A sociedade compõe-se de um pequeno número de sábios e de uma massa enorme de insensatos. Para completar poderíamos dizer: "Os malvados instruídos são os perversos mais completos e mais emíveis". Os povos formam ídolos e os destroem; o inferno se encherá de deuses caídos até que a palavra do "Grande Iniciador" se faça ouvir. Deus é espírito e devemos adorá-lo em espírito e em verdade. E como diz o próprio testamento do autor: "Neste livro, está a última palavra do Ocultismo e foi escrito com a maior claridade possível. Pode e deve ser publicado este livro? Ignoramos; porém, julgamos que poderíamos e deveríamos fazê-lo. Se ainda existem verdadeiros Iniciados no mundo, é para eles que foi dedicado e cumpre somente a eles julgar-nos".

Magia e os poderes do ser humano:Eliphas Levi.

Definição e escolas principais. A crença na realidade dos poderes mágicos do ser humano é um fator comum a todas as culturas. Não há povo, tribo ou civilização, desde os primórdios da história até os nossos dias, que não traga o relato de pessoas especiais ou possuidoras de segredos e técnicas que os tornam capazes de operar efeitos surpreendentes ou mesmo aparentemente impossíveis. A Magia, de um modo geral, nada mais é do que a arte de causar EFEITOS VISÍVEIS a partir de CAUSAS INVISÍVEIS. O Mago, a bruxa ou o pajé são, portanto "colegas" de ofício, já que as leis mágicas pouco diferem entre si, apesar das diferenças culturais. O uso concentrado e determinado do pensamento, da emoção e da vontade constitui o material básico que permite ao Mago atingir os efeitos que procura. No entanto, para que esses conteúdos interiores tornem-se mais efetivos, são apoiados em sinais físicos, concretos, surgindo assim uma infinidade de símbolos, ritos e métodos específicos. Devido a seu potencial perturbador da Ordem Social, a Magia na Antigüidade ficava restrita à classe sacerdotal. O acesso aos Arcanos da Natureza era considerado um processo sagrado, sendo minuciosamente regulado. Também é importante observar que, muitas vezes, o acesso à própria escrita era também restrito aos Magos e Sacerdotes, categorias que muitas vezes confundiam-se em uma só. A Magia apresenta uma série de conceitos básicos, idênticos ou muito semelhantes entre si. Os Magos postulam que o Ser Humano possui uma capacidade inata para o exercício da Magia. Essa capacidade, modernamente, recebeu o nome de função psi, conhecida há milênios e também chamada de manas, ju-ju, od, vril, gri-gri, axé... "TUDO TEM A VER COM TUDO" Outro conceito importante é o da unidade de todas as coisas em um outro plano, mais sutil, no qual trabalham os Místicos e os Magos. Esse campo, conhecido por alguns como PLANO ASTRAL, corresponde, em linhas gerais, a um conceito moderno de INCONSCIENTE COLETIVO, embora englobe muitas outras derivações. Outro dado importante, e que também extrapola os limites do inconsciente coletivo, é o de que nesse "mundo" os Magos se encontram, convivem e até duelam. O QUE É A MAGIA? Magia, imagem, imaginação: A noção de que todos os seres e coisas da natureza integram um Todo articulado e coerente entre si, nos traz o terceiro conceito essencial para que se compreenda o que é a Magia: A LEI DA ANALOGIA. Esta Lei Mágica nos propõe que tudo no mundo possui um valor simbólico natural, intrínseco. Assim, por analogia: PARA OS MAGOS, O SOL NO UNIVERSO. O CORAÇÃO PARA O HOMEM. O LEÃO ENTRE OS ANIMAIS. O OURO ENTRE OS METAIS. E O DIAMANTE ENTRE AS PEDRAS. EXPRESSAM uma energia semelhante, cada um em seu REINO. Essa concepção deriva da relação entre o Microcosmo (o Ser Humano) e o Macrocosmo, pela qual o Homem representa no plano físico todas as Potências Espirituais. Assim, cada um é um universo único, singular, mas possui de forma potencial todos os poderes do Cosmo e da própria Divindade. Além dessas, outra lei universalmente reconhecida entre os Magos de todos os tempos é a de que é imprescindível optar por uma das Forças: da LUZ ou das TREVAS. Mesmo nos raros casos em que a dualidade sobrexiste, há sempre uma tendência predominante, persistindo um antagonismo inevitável. Apenas hoje em dia começaram a surgir, pelo influxo de novas concepções filosóficas, escolas mágicas que propõem a unificação das duas Forças, numa visão não - dualista da Existência. Escolas Principais. Como qualquer outra forma de Arte e principalmente por ser muito antiga, a Magia ramificou-se em uma infinidade de escolas e linhas distintas, de forma inumerável. Modernamente salientam-se algumas pelo seu caráter filosófico singular ou pelo expressivo número de seus adeptos. Inglesa A Escola Inglesa apresenta três correntes principais de grande importância na História da Magia. A mais antiga é a escola dita enochiana , a partir dos trabalhos do célebre mago John Dee (1527-1608)e de seu discípulo Edward Kelley, que levaram a cabo uma série de operações mágicas que culminaram com a descoberta, através de anjos, de uma poderosa linguagem mística que seria o próprio idioma angélico, ou enochiano. Suas obras e os alentados tratados que legaram continuam sendo objeto de intensa pesquisa e experimentação por parte dos Magos ainda hoje. Magia Wicca. Outra escola inglesa clássica de grande relevância é a da Magia Wicca, que também apresenta divisões. De modo geral, trabalha com o culto às Forças da Natureza através dos Antigos Deuses pagãos: a Grande Deusa-Mãe e o Grande Deus Chifrudo Cernunnos, que não se confunde com o Diabo, como querem alguns de seus detratores. A Wicca resgata os valores, ritos e instrumentos da antiga magia medieval e mesmo pré-cristã, de marcada influência celta. Os ciclos lunares, bem como os equinócios e solstícios, desempenham papel fundamental nessa escola. Também são essenciais as datas específicas do culto, relacionadas com o ciclo das Terra e das colheitas. As antigas sacerdotisas, para burlar a repressão, transformavam os próprios apetrechos domésticos em instrumentos mágicos, como a célebre vassoura, o caldeirão, a colher de pau, a faca, a corda, etc. Hoje em dia é uma das correntes mais atuantes dentro da Magia Moderna. Crowley. A mais moderna dentre as linhas da escola inglesa é também a mais radical. Deriva diretamente das obras de Aleister Crowley (1875-1947), um caso à parte na História da Magia. Auto-intitulado "A Besta do Apocalipse", devido à sua irredutível orientação anticristã, Crowley integrou e fundou algumas das mais poderosas sociedades secretas de seu tempo, como a Golden Dawn, na Inglaterra, a qual transformou completamente imprimindo a sua marca pessoal; e a O.T.O. , "Ordo Templi Orientis", grupo alemão de magia sexual de grande importância no cenário ocultista da época. Em suas inúmeras obras, tais como "Magick", "777"e "O Livro da Lei", Crowley propôs uma nova visão da Magia e do papel do Homem no Universo. Apesar de sua intensa crueldade pessoal e de uma trajetória cheia de incidentes sinistros, Crowley deixou um legado cultural fundamental para aqueles que procuram entender como a Magia pôde adentrar o século XX como uma forma ainda válida para compreender o mundo. França. A chamada escola francesa também lança raízes profundas no tempo. Desde o famoso alquimista Nicholas Flamel (1330-1418) e o legendário Michel de Notredame (1503-1566), até toda uma longa geração de "grimoires" (grimórios), livros quase sempre apócrifos com símbolos, encantamentos e receitas mágicas quase sempre macabras, dificílimas, grotescas ou tudo isso ao mesmo tempo. Dentre esses sobressaem-se "Le Grimoire de Honoire", atribuído talvez falsamente a um Papa do séc.XIII e "Le Grand Albert", ou "Le Dragon Rouge" e "Le Petit Albert", atribuídos errôneamente a Alberto Magno. Alta Magia. Também merecem destaque o "Heptameron", de Pietro de Abano e o "Lemegeton", suposta obra do próprio Rei Salomão. Toda essa base histórica lançou as sementes para o florescimento, no séc. XIX, da chamada Alta Magia, a partir dos trabalhos de Papus, Eliphas Levi, Stanilas De Guaita, Josephin Péladan e Saint-Yves D'Alveydre. Integrados entre si por identidades doutrinárias ou por vínculos de mestre e discípulo, esses autores propõem uma visão eticamente orientada, enfatizando a importância do Mago alinhar-se com as Forças da Luz. O apelo aos anjos católicos, à Jesus e mesmo à Virgem Maria não era descartado. Ainda hoje existem muitos adeptos dessa linha em todo o mundo. A Grade Chave de Salomão: O texto essencial de evocar, proteger e prender espíritos de todos os gêneros, creditado a Salomão, o Sábio, mas este livro foi muito alterado de edição para edição, perdendo muito de sua versão original. O Lemegeton - A Chave Menor de Salomão: Uma completa descrição judaico-cristã de anjos e demônios, alem de ritos para evoca-los. Escolas Orientais Muitas escolas orientais também influenciam o moderno pensamento mágico e constituem uma importante corrente filosófica dentro das Ciências Ocultas. Dentre elas sobressaem-se algumas, principalmente as linhas Tântricas, que utilizam magia, sexo e meditação de forma integrada para atingir as transformações interiores desejadas. Tantra. Originárias da região da Cachemira, na Índia, as seitas tântricas remontam a tempos imemoriais e propõem uma visão do mundo baseada no culto ao Deus Shiva e às forças femininas da Natureza, principalmente à Shakti, a força sexual feminina que permite ao adepto e sua parceira cavalgar o êxtase e abraçar os mundos! Divisão. De forma geral divide-se em duas linhas: a da "Mão Esquerda", que trabalha com práticas sexuais concretas e a da "Mão Direita", que utiliza materiais simbólicos como mandalas e mantras para evocar a energia sexual do Cosmo. O ponto comum entre elas é o trabalho sobre a Kundalini, o poder sexual que jaz mais ou menos adormecido em todo ser humano. As doutrinas Tântricas constituem um importante elemento incorporado pelos Magos modernos. Nas Antilhas, principalmente no Haiti, originaram o Vodu, marcado por seu potencial mágico extremamente forte e mesmo agressivo. Tribos de outras regiões da África originaram, principalmente no Brasil, a Macumba e suas derivações: a Umbanda e a Quimbanda. Apesar das diferenças, todos esses cultos são caracterizados por uma atitude de familiaridade com as divindades e de resistência à opressão social que atinge os devotos, quase sempre oriundos das camadas mais desfavorecidas da sociedade. Devido à sua natureza de resistência social e de apoio aos oprimidos, são cultos que preservam intensamente os seus segredos e suas técnicas.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

MITOS E LENDAS DO BRASIL.

O mito de antigas raças, semeados pelos povos que tiveram longa vida e paciente trabalho de constituição, deu margem à formação de incríveis lendas, extensos poemas e formidáveis narrativas, por onde visualiza-se as velhas civilizações que construíram. Da Índia misteriosa, ficaram as florações do gênio védico e os milagres guerreiros catalogados por mãos invisíveis no "Mahabarata" e no "Ramayana". Da Grécia antiga, originou-se o manancial de outros prodígios amorosos e heróicos que Homero cantava pelas ruas de Atenas a troco de ninharias e escassos favores. Das florestas centrais da Europa, o misticismo dos normandos, cruzando-se com o valor guerreiro dos germanos, arrancou a epopéia dos "Niebelungen". Estes ancestrais, colecionavam suas vitórias, praticando a religião dos mitos. A história de nossa terra, entretanto, não possui um passado tão tumultuoso, do qual se vangloriam estas velhas civilizações. O pano de fundo do quadro brasileiro, é pintado por forças virgens e naturais, formando um mundo bárbaro e sensível. Nesta terra, existiu uma vida rústica, que exercia um feitiço marcante, inspirada pela exaltação de divindades, símbolos e ídolos. Uma visão demorada nos revelará um mundo alegórico do qual participavam todas as fantasias geradas no mundo imaginário dos elementos que aqui se definiram. Esta original mitologia, nasceu do encontro do homem com a terra, manifestando-se através de lendas que cobriam extensa porção de nosso território. O primeiro documento oficial escrito sobre a nossa terra, foi a crônica de Pero Vaz de Caminha. Ele foi o que sentiu e transmitiu para seu país o encanto da terra descoberta. Depois dele, Manuel da Nóbrega e Anchieta. O indígena brasileiro, foi o elemento essencial na construção deste país, não pelo que representou ou podia representar de romântico ou subjetivo, mas pela força de uma necessidade econômica e guerreira para a qual era ele o mais apto a colaborar. TEOGONIA TUPI Ao tempo do descobrimento os tupis já ocupavam uma grande extensão da costa, do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, mas separada por tribos de línguas diferentes, como os tapuias. A expansão da raça tupi oferece-nos largo estudo geográfico da região que dominou. Pelo que apontam os documentos históricos, assim se distribuíram pelo país a raça tupi: CARIJÓS Do Rio Grande do Sul até a ribeirinha do Iguape; TUPINIQUINS De Iguape até próximo de Ubatuba; TAMOIOS De Ubatuba até Cabo Frio; TEMIMINÓS De Cabo Frio ao Itabapoana TUPINIQUINS (de novo) Do rio Santa Maria, Espírito Santo até o Camamú, na Bahia TUPINAMBÁS Do Camamú até o Iraporanga em Sergipe; TUPINAÊS Do Iraporanga ao São Francisco; CAETÉS Do São Francisco até o Iguassú em Pernambuco; TABAJARAS Do Itamaracá até o Paraíba; POTIGUARAS De Paraíba até o Jaguaribe; TUPINAMBÁS (de novo) Do Rio São João da Barra até o Gurupi; TARAMAMBÉS De Gurupi para cima no Pará AMOIPIRAS Na margem do rio São Francisco Tupi tem a mesma raiz de "tap", desfigurada em "tup" e "top", o esplendor, expressão sintética de "luz criadora". Por mais vaga que seja a teogonia ameríndia, alguns fatos nos induzem à conclusão de que um ser misterioso se desdobrou no pensamento indígena através da luz, do fogo e do sol e que este pensamento deu lugar a reprodução de deuses que equivalem aos fenômenos da natureza mais sensíveis. Isto explica a criação de ídolos e mitos através dos quais é visível o fundo do panteísmo naturalístico. Inegavelmente a mitologia indígena provém da dúvida e do mistério. O vento, o trovão, a tormenta, a chuva, o sol, a vegetação, tudo que constitui matéria para espanto ou êxtase. Os deuses bons, protegiam a vida, favoreciam as colheitas e a caça e se faziam portadores da vitória sobre o inimigo. Já os maus, indiferentes ao destino do homem, negava-lhe os desejos e habitavam o escuro das florestas e os cemitérios. Por causa deles é que o sol era abrasador e a chuva não aparecia a tempo para salvar a colheita. Muito embora seu espírito belicoso, o tupi não fugiu às influências que geraram as mais espantosas lendas e pitorescos episódios. Seus mitos foram capazes de constituir um belo contingente que enriqueceu a imaginação dos povos e das raças. Esses mitos longínquos que atravessaram o tempo e o espaço, prolongando-se em nossa sensibilidade de maneira sugestiva, são o próprio gênio das tabas sobrevivendo a todas as vicissitudes para explicar o sentido obscuro de sua história. A história do pensamento humano, encontra-se hoje somente em duas formas: no mito e no conto popular. Entre o conto e o mito existe uma simples diferença de época e dignidade. O mito é resultado direto e primitivo da transformação dos elementos míticos em fábulas. É a obra do espírito coletivo. O conto popular é o último eco, com as gradações que a transmissão lhe impôs. Na teogonia tupi existem três deuses superiores, o Sol (Guaraci), criador de todos os viventes, a Lua (Jaci), criadora de todos os vegetais e Perudá ou Rudá, deus do amor, encarregado da fertilidade e reprodução. Cada um deles era servido por muitos outros, que por sua vez, servidos por tantos outros seres quantas as espécies que reconheciam e assim por diante, até que cada lago ou rio ou espécie animal ou vegetal tinha um deus protetor, uma mãe. O índio sempre teve necessidade de exprimir filiação e empregavam para tanto, de preferência a palavra mãe. CLASSIFICAÇÃO DOS PRINCIPAIS DEUSES GUARACI (SOL) - Mãe de todos os homens Uirapurú Jurupari Uiará JACI (LUA)- Tem duas formas: Iaci Omunhã (Lua Nova) e Iaci Icaua (Lua Cheia) Saci Boitatá Urutáu Curupira RUDÁ - Deus do amor e da reprodução Cairé Catiti RUDÁ Rudá apresenta-se como o deus do amor, na imagem de um guerreiro que reside nas nuvens e se destina a criar o amor no coração dos homens, seguido de Cairé, a Lua Cheia e Catiti, a Lua Nova, cuja missão era despertar saudades no amante ausente. Existem também uma classificação, admitida pela maioria dos indianistas: MITOS DOMÉSTICOS UIRAPURÚ URUTAU JURUPARI UIARA SACI BOITATÁ MITOS NACIONAIS SUMÉ TAMANDARÉ Entre as diversas tribos da América, também estava disseminado o culto de MARACÁ. Em tempos anteriores à conquista, existia uma espécie de tabernáculo. Entretanto, na dominação tupi, já o Maracá perdera grande parte do seu caráter sagrado, e, talvez, por influência da paixão militar, se confundiu com as cerimônias heróicas.Rosane Volpatto.

O GRANDE SECRETO.

Sabedoria, moralidade, virtude: palavras respeitáveis, porém vagas, sobre as quais se disputa desde há muitos séculos, porém sem haver conseguido entende-las. Queria ser sábio, mas terei eu a certeza de minha sabedoria, enquanto acredite que os loucos são mais felizes e até mais alegres que eu? É preciso ter bons costumes, porém todos somos um pouco de crianças: a moralidade nos adormece. Falamos do que nos interessa e pensamos em outra coisa. Excelente coisa é a virtude: seu nome quer dizer força, poder. O mundo subsiste pela virtude de Deus. Mas, em que consiste para nós a virtude? Será uma virtude para enfraquecer a cabeça ou suavizar o rosto? Chamaremos virtude a simplicidade do homem de bem, que se deixa despojar pelos velhacos? Será virtude abster-se no temor de abusar? Que pensaríamos de um homem que não andasse por medo de quebrar a perna? A virtude, em todas as coisas, é o oposto da nulidade, do estupor e da impotência. A virtude supõe a ação; pois se ordinariamente opormos a virtude, as paixões é para demonstrar que ela nunca é passiva. A virtude não é só a força, é também a razão diretora da força. É o poder equilibrante da vida. O grande segredo da virtude, da virtualidade e da vida, seja temporal, seja eterna, pode formular-se assim: É a arte de balancear as forças para equilibrar o movimento. O equilíbrio que se necessita alcançar, não é o que produz a imobilidade, mas sim o que realiza o movimento. Pois a imobilidade é morte e o movimento é vida. Este equilíbrio motor é o da própria Natureza. A Natureza, equilibrando as forças fatais, produz o mal físico e a destruição aparente do homem mal equilibrado. O homem se libera dos males da Natureza, sabendo subtrair a fatalidade das circunstâncias, pelo emprego inteligente de sua liberdade. Empregamos aqui a palavra fatalidade, porque as forças imprevistas e incompreensíveis para o homem, necessariamente o parecem fatais, o que não indica que realmente o sejam. A Natureza previu a conservação dos animais dotados de instintos, porém também dispõe tudo para que o homem imprudente pereça. Os animais vivem, por assim dizer, por si mesmos e sem esforço. Só o homem deve aprender a viver. A ciência da vida é a ciência do equilíbrio moral. Conciliar o saber e a religião, a razão e o sentimento, a energia e a doçura é o âmago desse equilíbrio. A verdadeira força invencível é a força sem violência. Os homens violentos são homens fracos e imprudentes, cujos esforços se voltam sempre contra eles O afeto violento se assemelha ao ódio e quase à aversão. A cólera faz que a pessoa se entregue cegamente a seus inimigos. Os heróis que descreve o poeta grego Homero, quando combatem, tem o cuidado de insultarem-se para entrar em furor reciprocamente, sabendo-se de antemão, com todas as probabilidades, que o mais furioso dos dois será vencido. O fogoso Aquiles estava predestinado a perecer desgraçadamente. Era o mais altivo e valoroso dos gregos e só causava desastres a seus concidadãos. Ele é que faz a tomada de Tróia e o prudente e paciente Ulisses, que sabe sempre conter-se e só fere com golpe seguro. Aquiles é a paixão e Ulisses a virtude e é deste ponto de vista que devemos tratar de compreender o alto alcance filosófico e moral dos poemas de Homero. Não há dúvida que o autor destes poemas era um iniciado de primeira ordem, pois o Grande Arcano da Alta Magia prática está inteiro na Odisséia. O Grande Arcano Mágico, o Arcano único e incomunicável tem por objeto colocar, por assim dizer, o poder divino a serviço da vontade do homem. Para chegar a realização deste Arcano é preciso SABER o que deve fazer, QUERER o exato, OUSAR no que deve e CALAR com discernimento. O Ulisses de Homero tem, contra si, os deuses, os elementos, os ciclopes, as sereias, Circe, etc., por assim dizer, todas as dificuldades e todos os perigos da vida. Seu palácio é invadido, sua mulher é assediada, seus bens são saqueados, sua morte é decidida, perde seus companheiros, seus navios são afundados; enfim, acha-se só em sua luta contra a noite e o mal. E assim só, aplaca os deuses, escapa do mal, cega o ciclope, engana as sereias, domina Circe, recupera seu palácio, libera sua mulher, mata aqueles que queriam mata-lo, e tudo, porque queria voltar a ver Ítaca e a Penélope, porque sabia escapar sempre do perigo, porque se atrevia com decisão e porque calava sempre que fora conveniente não falar. Porém, dirão contrariados os amantes dos contos azuis, isto não é magia. Não existem talismãs, ervas e raízes que façam operar prodígios? Não há fórmulas misteriosas que abram as portas fechadas e façam aparecer os espíritos? Falaremos disto em outra ocasião com comentários sobre a Odisséia. Se haveis lido minhas obras anteriores, sabeis então que reconheço a eficácia relativa das fórmulas, das ervas, e dos talismãs. Porém estes são pequenos meios que se enlaçam aos pequenos mistérios. Falo agora das grandes forças morais e não dos instrumentos materiais. As fórmulas pertencem aos ritos da iniciação; os talismãs são auxiliares magnéticos; as ervas correspondem à medicina oculta, e o próprio Homero não as desprezava. O Moly o Lotho e o Nepenthes têm seu lugar nestes poemas, porém são ornamentos acessórios. A taça de Circe nada pode sobre Ulisses, que conhece seus efeitos funestos e soube engana-la sobre a bebida. O iniciado em alta ciência dos magos, nada tem que temer os feiticeiros. As pessoas que recorrem a magia cerimonial e vão consultar adivinhos, se assemelham aos que, multiplicando a prática de devoção, querem ou esperam suprir com isso a verdadeira religião. Estas pessoas nunca estarão satisfeitas de vossos sábios conselhos. Todas escondem um segredo que é bem fácil de adivinhar, e que poderia expressar-se assim: "Tenho uma paixão que a razão condena e que anteponho a razão; é por isso que venho consultar o oráculo do delírio, afim de que me faça esperar, que me ajude a enganar minha consciência e me dê a paz do coração". Vão assim beber em uma fonte enganosa, que depois de satisfazer a sede, a aumenta cada vez mais. O charlatão receita oráculos obscuros e a gente encontra neles o que quer encontrar e volta a buscar mais esclarecimentos. Retorna no dia seguinte, volta sempre, e é desse modo que os charlatões fazem fortuna. Os Gnósticos basilidianos diziam que Sofia, a sabedoria natural do homem, havendo-se enamorado de si mesma, como Narciso da mitologia clássica, desviou a direção de seu princípio e se lançou fora do círculo traçado pela luz divina chamada pleroma. Abandonada então às trevas, fez sacrilégios para dar a luz. Porém uma hemorragia semelhante a que fala o Evangelho, a fez perder seu sangue, que ia se transformando em monstros horríveis. A mais perigosa de todas as loucuras é a da sabedoria corrompida. Os corações corrompidos envenenam toda a natureza. Para eles o esplendor dos belos dias é apenas um ofuscante tédio e todos os gozos da vida, mortos para estas almas mortas, se levantam diante delas para maldize-las, como os espectros de Ricardo III: "desespera e morre". Os grandes entusiasmos os fazem sorrir e lançar ao amor e a beleza, como para vingar-se, o desprezo insolente de Stenio e de Rollon. Não devemos cruzar os braços acusando a fatalidade; devemos lutar contra ela e vence-la. Aqueles que sucumbem nesse combate são os que não souberam ou não quiseram triunfar. Não saber é uma desculpa, porém não uma justificativa, posto que se pode aprender. "Pai, perdoai-os porque não sabem o que fazem", disse o Cristo ao expirar. Se fosse permitido não saber a oração do Salvador, haveria sido inexata e o Pai nada haveria tido que perdoa-los. Quando a gente não sabe, deve querer aprender. Enquanto não se sabe é temeroso ousar, porém sempre é bom saber calar. Eliphas Levi.

Cúmplices Noturnas.

Fatima Dannemann Eu e a lua cúmplices em noite de insônia... Quando o mundo silencia, nos olhamos. Ela branca, uma mandala perfeita, misteriosa. Eu oscilando em fragilidades de medos e sonhos. Eu e a lua Amigas nas noites de sonhos Quando o mundo inteiro dorme eu conto a lua todos os meus segredos, falo sobre medo e conto os meus planos. Ela, redonda sem fim, sem começo, eu, sentada no gramado a contemplar o céu Eu e a lua numa noite de insônia que avança. Do alto de sua luz prateada, é como uma Senhora da Noite a abençoar poetas e me ordenar a escrever uns versos. Como uma rainha, ela me toca com a luz fria do seu cetro de raios de prata. Eu apenas silencio em meio a palavras não pronunciadas. E na noite insone, inerte fico a contemplar a lua. A lua e eu. Cumplices noturnas de sonhos e insônias.

Interpretação Astrológica do Salmo 23.

O Senhor é meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente à águas tranquilas. Refrigerá a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor de seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra e da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença de meus inimigos; unges a minha cabeça com óleo; o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão por todos os dias de minha vida; e habitarei na casa do Senhor para sempre. (Salmo 23: 1-6) A impressão é que esse Salmo foi escrito especialmente para nós que vivemos nestes dias de inquietação e insegurança, pois: 1) Pela repetição de suas palavras, adquirimos uma sensação de paz e segurança. 2) Embora simples, ele possui uma enorme profundidade devocional. 3) Sendo a última linha uma profecia, é um canto de fé à Deus. 4) Este Salmo conta as belezas da espiritualidade, a generosidade de Deus e suas bênçãos. 5) Pelo uso deste Salmo, recorremos – em forma de oração – às Doze Divinas Hierarquias Zodiacais/Planetárias. A Bíblia foi dada ao mundo Ocidental, pelos Anjos do Destino, que estão acima de todos os erros, e dão a cada um e a todos, exatamente o que necessitam para o seu desenvolvimento. Por conseguinte, se procurarmos a Luz, encontrá-la-emos na Bíblia. (Ritual Rosacruz do Serviço do Templo) . Vamos, abaixo, analisar o Salmo 23, por meio da chave astrológica, tendo em mente que a palavra Senhor, pode referir-se também ao nosso Cristo Interno. O SENHOR É MEU PASTOR - A Lei Cósmica é nosso pastor ou guia em nossa peregrinação através da matéria, como nos informa Max Heindel, no Conceito Rosacruz do Cosmos, através dos Períodos, Revoluções e Épocas. ÁRIES é o primeiro signo zodiacal, elemento fogo. Esta Hoste de seres altamente evoluída, identifica-se com a ação, o agir, o Princípio da Vontade. Para o ajustamento de nossas vidas ao Plano Evolutivo, torna-se necessário grandes esforços de nossa parte, intensa atividade anímica, o realizar, o fazer, o agir. “Assim também a fé, se não tiver Obras, é morta em si mesma” (Epístola de São Tiago – 02:17) NADA ME FALTARÁ – Trabalhemos honestamente para o nosso sustento, mas também com o objetivo de auxiliar nossos semelhantes, e assim construir nosso Corpo Alma. Evitemos a identificação com as posses materiais, e vejamos nelas grandes oportunidades de auxilio à humanidade. TAURO nos fala em compartilhar o que temos materialmente, com nossos semelhantes. Max Heindel, em “Iniciação Antiga e Moderna” Capitulo II – O Altar de Bronze e o Lavado , nos fale em “... construir um templo sem ruído de martelo para nele servir.. deve também consagrar-se e santificar-se, deve deixar toda posse terrestre para poder seguir o Cristo Interno. No entanto , pode conservar suas posses materiais usando-as com fé e sabedoria, como um sagrado depósito que lhe é confiado. Signo fixo do elemento terra, Tauro está associado à segunda casa zodiacal, casa relacionada com posses, dinheiro, bens, finanças, lucros e tudo aquilo que materialmente se adquire. Evoluiremos muito, se refletirmos nas respostas a estas perguntas: Que uso faço de minhas posses para servir amorosa e desinteressadamente meus semelhantes? Qual o real significado do Eu Tenho ? Como vejo e avalio em termos espirituais os bens materiais? De que forma compartilho o que possuo com meus semelhantes? O que significa para mim as palavras de Cristo: Buscai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo (Mateus 06:33).? Qual o significado de Mateus 06: 19 e 20: Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros nos céus, onde nem a traça nem a ferrugem consomem e onde os ladrões não roubam. ? DEITAR-ME FAZ, EM VERDES PASTOS – Somos levados, neste versículo ao campo da mente, à GEMINI. Nos esforcemos para que nossa mente sempre esteja ocupada com sentimentos elevados e ideais devocionários. Que possamos ser “verdes pastos” para nossa mente. Em nosso Ritual do Serviço do Templo, lemos que “agora conhecemos em parte, então conheceremos como também somos conhecidos. “Á medida que sublimemos nosso Eu Inferior, e alimentemos nosso Eu Superior - auxiliando amorosa e desinteressadamente os nossos semelhantes - novos horizontes de espiritualidade irão descortinar-se. Para que os seus corações sejam consolados, e estejam unidos em caridade, e enriquecidos na plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus – Cristo. (Epístola de São Paulo aos Colossenses 02:02) GUIA-ME MANSAMENTE Á ÁGUAS TRANQUILAS – Agora nos deparamos com o signo de CÂNCER, um signo do elemento água. E o que seriam as águas tranquilas, a que se refere este versículo? Câncer é o primeiro dos três signos deste elemento, ele que nos concebe, nutre, alimenta. É a Mãe do Zodiaco, rege o estomago, preparando o alimento para a digestão, e nos seios provê a nutrição para o recém nascido. O elemento água, refere-se esotericamente às emoções, e este versículo nos exorta a trabalharmos nossas emoções, de modo a tornarem-se águas tranquilas. Os exercícios de concentração/retrospecção, ensinados pela Fraternidade Rosacruz, nos são de grande utilidade nesse sentido. Nos Evangelhos, Cristo caminhou sobre as águas, ou seja, tinha domínio pleno sobre as emoções. Procuremos imita-lo. Mas considerai isto; se o pai de família soubesse a que vigília da noite havia de vir o ladrão, vigiaria e não deixaria minar a sua casa. (Mateus 24:43 ) REFRIGERA MINHA ALMA – É no lar do Sol – representado em nosso Corpo Denso pelo coração – que temos a explicação dessa frase. Os Senhores da Chama, a Divina Hierarquia Zodiacal de LÉO, nos transmite a mensagem de que o serviço amoroso (coração) e desinteressado aos nossos semelhantes é o único caminho para que possamos galgar esferas mais elevadas de espiritualidade. João, o evangelista diz que “... a vida era a Luz dos homens, e a Luz resplandece nas trevas, e as trevas não o compreenderam...” Quando praticamos uma vida dedicada ao servir, encontramos refrigério espiritual. E disse um dos anciãos: Não choreis : eis aqui o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, que venceu, para abrir e desatar os seus sete selos (Apocalipse 05 : 05) GUIA-ME PELAS VEREDAS DA JUSTIÇA - Mercúrio, mensageiro de VIRGO, o planeta da razão, ajuda-nos a desenvolver o discernimento necessário para analisar nossa conduta claramente. Por meio deste discernimento, os frutos da experiência são assimilados, absorvidos, amalgamados, afetando dessa maneira nosso Corpo Vital, onde inicia-se nosso progresso espiritual. Aqui novamente, vemos a grande utilidade dos exercícios de concentração/retrospecção, ensinados pela Fraternidade Rosacruz. Porque eu vos darei boca e sabedoria a que não poderão resistir nem contradizer todos quantos vos opuserem (Lucas 21:15) POR AMOR DE SEU NOME – A confusão existente no mundo é um reflexo daquilo que o homem criou em sua consciência. Agora, por meio de LIBRA, devemos aprender a equilibrar nossos pensamentos, palavras e obras. Vênus tem como uma de suas palavras básicas, o amor. E é fácil usarmos a lógica para deduzir que a balança (Libra) de nossas vidas deve estar equilibrada amorosamente (Vênus). No Ritual Rosacruz do Serviço do Templo, temos a passagem da Epístola do apóstolo Paulo aos Filipenses, “...Pelo que Deus o exaltou soberanamente e Lhe deu um nome que esta acima de todo o nome, para que o nome de Cristo-Jesus, se dobre todo joelho, e toda língua confesse que Cristo Jesus é o Senhor, para a glória de Deus Pai...” No livro de Jó, Antigo Testamento, atribuído à Moisés, quando estava entre os Medianita (ou seja num exílio) e escrito por volta do ano 1.520 A.C. lemos que: “ ... Tens tú a notícia do equilíbrio das grossas nuvens e das maravilhas daquele que é perfeito nos conhecimentos. AINDA QUE EU ANDASSE PELO VALE DA SOMBRA E DA MORTE, NÃO TEMERIA MAL ALGUM – Aqui, temos o mistério da vida! A relação do rastejante escorpião, e a águia voando majestosamente pelos céus. Sob o signo de ESCORPIÃO aprendemos que um esforço se faz necessário para que sublimemos nosso Eu Inferior (escorpião rastejante) em Eu Superior (águia). Dessa forma, estaremos construindo uma manjedoura onde nosso Cristo Interno irá nascer. No Evangelho de João, 08:51, lemos que “Em verdade, em verdade vos digo que, se alguem guardar a minha palavra, nunca verá a morte. “ TUA VARA E TEU CAJADO ME CONSOLAM – Vara/Cajado, representam aqui nossa força criadora, que direcionada para cima, colocarão em vibração nossas duas glândulas endócrinas (Pineal e Pituitária). Muito significativo o símbolo de SAGITÁRIO: um centauro, metade animal (natureza inferior) e metade humana (natureza superior). Este centauro aponta sua flecha para cima, indicando nosso verdadeiro lar. “ Tú, pois, converte-te a teu Deus; guarda a beneficiência e o juízo, e em teu Deus espera sempre” (Oséias 12:06). Associemos “teu Deus”, com a Divindade Interna (Eu Superior) que todos nós temos, individualmente. A palavra beneficiência, está intimamente relacionada à Divina Hierarquia Planetária de Júpiter, regente de Sagitário. Sugerimos – para informações mais detalhadas - o livro “Iniciação Antiga e Moderna “ de Max Heindel, capítulo IV/A Arca da Aliança. PREPARAS UMA MESA PERANTE MIM, NA PRESENÇA DE MEUS INIMIGOS – Mesa, é o local onde realizamos nossas refeições, nossa alimentação. Este versículo nos exorta a compartilharmos o alimento com nossos (pseudos) inimigos. Vamos oferecer aos nossos inimigos o que temos de melhor: Nosso Eu-Superior. Devemos perdoa-los, orar e principalmente, auxilia-los. CAPRICÓRNIO nos pede responsabilidade e disciplina antes de prosseguirmos nossa jornada evolutiva, e uma das formas de se conseguir isso, é compartilhar nossa mesa, com nossos inimigos. Bem aventurados aqueles servos, os quais, quando o Senhor vier, achar vigiando! Em verdade vos digo que se cingirá, e os fará assentar à mesa, e, chegando-se , os servirá. (Lucas 12:37) UNGES A MINHA CABEÇA COM ÓLEO, O MEU CALICE TRANSBORDA – Uma conduta essencialmente cristã é o óleo derramado em nossa cabeça (cristificação de nossas glândulas pineal e pituitária, localizadas na cabeça). Nosso Cristo (Interno) unge estas glândulas, onde nosso cálice (Corpos Denso, Vital, Desejos e Mente), transbordam de Éter Crístico. A Fraternidade Rosacruz, é o arauto da Idade de AQUÁRIO, sendo seus ensinamentos plenamente uníssono com o Cristianismo Esotérico. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. (João 15:13) CERTAMENTE QUE A BONDADE E A MISERICORDIA ME SEGUIRÃO TODOS OS DIAS DE MINHA VIDA, E HABITAREI NA CASA DO SENHOR PARA SEMPRE - Em virtude de transgredir as Leis Divinas, o homem criou para si, Dividas do Destino. A Lei de Causa e Efeito tornou-se necessária. Contudo temos o livre arbítrio de – pela bondade e misericórdia – colocar em movimento novas situações (epigênese) que nos farão habitar a casa do Senhor para sempre (elevadas esferas de espiritualidade). PISCES nos convida a refletirmos sobre a relação de nossos pés (regência pisciana), base que suporta nosso corpo com a base que temos que desenvolver: uma vida de serviço a nossos semelhantes. “Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés dos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido. (João 13:05). Nossos pés , astrologicamente/anatomicamente, estão relacionados com a Divina Hierarquia Zodiacal de Peixes e à 12ª Casa Zodiacal, casa esta relacionada também com nossas dívidas do destino, contraídas nesta ou em vidas passadas. Cristo “lavou” os pés dos apóstolos, tornou limpa suas respectivas 12º Casa, lavou-lhes as dívidas do destino. Vejamos aqui um simbolismo muito rico. Nosso trabalho deve ser o de nosso Cristo Interno, lavar nossa 12ª Casa Zodiacal, nossas dívidas do destino contraídas. E a única forma para isso é: SERVIR AMOROSA E DESINTERESSADAMENTE A NOSSOS SEMELHANTES. Jonas Taucci de um artigo publicado na revista Serviço Rosacruz, abril,1973.

Mulheres egípcias: religião, sociedade e nobreza.

Falar sobre história das mulheres não é uma tarefa fácil, principalmente quando vamos abordar essa história na antiguidade, onde encontramos uma grande dificuldade com relação às fontes, ou seja, aos documentos históricos. Essa dificuldade de estudo está relacionada ao fato de que as fontes eram produzidas, em sua maioria, pela classe masculina e quando vamos analisá-las, precisamos filtrar o silêncio por trás de cada palavra e contexto de quem escreveu, pintou, ou produziu essas fontes, sejam elas iconográficas (imagens), escritas ou arqueológicas (vasos, estelas, entre outros objetos, que possam nos trazer algumas informações sobre determinada época). Neste artigo vamos falar um pouco sobre a história das mulheres no Egito Antigo, numa visão mais geral, porém cuidadosa. Aprendemos que as mulheres egípcias viviam em pé de igualdade com os homens. Na realidade, se comparado a outras sociedades antigas, realmente houve um lugar de destaque para as mulheres no Egito, mas não podemos esquecer que havia uma hierarquia. Devido a isso, é necessário tomarmos certo cuidado com esse tipo de afirmação, pois existem documentos, como os ensinamentos de Ptah-Hotep - um conjunto de máximas do século 18 a.C -, que instruem os maridos a manterem as suas esposas afastadas de funções próximas ao poder: “Reprima-a, pois seu olho é um vento de tempestade quando ela encara”. Aqui é possível analisar que mesmo existindo um reconhecimento das funções das mulheres, elas não tinham total autonomia sobre si, pois sempre dependiam do pai, marido ou outro responsável para guiá-las. Contudo, não podemos esquecer que estamos fazendo uma generalização, ou seja, existiram mulheres que agiram de maneira diferente, e conseguiram se destacar e até obter cargo de poder no governo do Egito (Mulheres da nobreza). Assim, o objetivo deste artigo é abordar a história das mulheres egípcias na religião, sociedade comum e nobreza. No contexto da religião as mulheres da nobreza possuíam instrução e desempenhavam um papel importante no culto religioso de vários deuses egípcios, podendo exercer diversas atividades como sacerdotisas, cantoras ou dançarinas; sendo assim responsáveis por funções como tocar instrumentos e cantar no culto aos deuses. Em um dos mitos da criação mais conhecidos, vemos que das águas caóticas, antes da intervenção do deus criador, já existiam quatro casais que influenciavam o movimento e a transformação. Mediante a ação do deus criador surgiu o primeiro casal divino, Shu (ar) e Tefnut (umidade do ar), que por sua vez deu origem a outro casal, Geb (Terra) e Nut (Céu), que originaram os deuses Isís, Osíris, Néftis e Seth. Aqui percebemos que houve uma interação de pares femininos e masculinos para formação do universo. Através de fontes arqueológicas (estelas, pinturas nas tumbas, papiros, etc.) sabemos que no mundo divino, o pensamento religioso era habitado por inúmeras divindades femininas, a quem eram prestados cultos e oferendas. Podemos citar a deusa Ísis, que é associada como uma boa mãe e esposa, entre outras representações que a mesma possui. Assim, percebemos o papel divino da mulher como parte importante na criação do universo e como deusa que protege e salva. Na sociedade egípcia as mulheres tinham a função de gerar e curar, elas podiam ter posse de terras e possuir bens próprios. Sabe-se ainda que o casamento funcionava como um ato social com consequências econômicas, de legitimidade, em relação à herança e de sucessão. Segundo documentos da III e V Dinastia, as mulheres podiam administrar a herança dos filhos caso fossem menores, alguns documentos mostram que tanto os filhos, quanto às filhas, recebiam de maneira igualitária a herança. Durante o Reino Médio, as mulheres podiam atuar na justiça como testemunhas e defensoras e em pé de igualdade no trabalho de corvéia (Sistema de trabalho compulsório no Egito Antigo) elas se destacavam na preparação de pães para distribuição do Estado. No contexto real, onde já comentamos sobre algumas mulheres que exerceram o poder no Egito Antigo, podemos destacar Hatshepsut, considerada a mais poderosa rainha, que governou o Egito Antigo no século XV a.C. Com toda força política e carisma, ela usava a dupla coroa do faraó, indicando sua soberania sobre as duas terras, ou seja, o Alto e o Baixo Egito. Até então nenhuma mulher havia se tornado faraó, no máximo esposas dos reis ou regentes de seus filhos. Ainda no campo de mulheres de destaque, não podemos deixar de falar sobre outra mulher de grande importância, que conseguiu assumir uma função de poder: a rainha Cleópatra. Cleópatra VII fugiu totalmente à regra dos padrões estabelecidos da Grécia clássica helênica de submissão, onde a política é de destaque masculino, e conseguiu, segundo documentos, com muita iniciativa e poder de decisão, chocar os homens da época, homens que tentaram deturpar a imagem de Cléopatra, colocando-a como muito bela e sedutora para desqualificar suas funções intelectuais. No período, uma mulher não podia ter tamanha capacidade de poder e artimanhas, por isso, segundo os padrões da sociedade em que a mesma viveu, só se conseguiria todo esse poder através da sedução. Não podemos deixar de lembrar que Cleópatra foi a ultima governante do Egito Antigo, antes da sua incorporação como província do Império Romano. Observação: Essas mulheres da nobreza tiveram ascensão de poder com apoio masculino, caso contrário elas não conseguiriam manter seus tronos por tanto tempo. No caso das duas rainhas, elas eram filhas de faraós já falecidos, o que facilitou a situação delas no campo de privilégios. Assim, neste artigo procuramos passar ao leitor não apenas a visão clássica da mulher no Egito Antigo, que nos transmite uma visão de igualdade com relação ao homem, mas também uma visão critica sobre essa história, que ao mesmo tempo nos fascina pela curiosidade, escassez das fontes e pelo desejo da busca por compreender um pouco mais a história das mulheres na antiguidade. Pensamos muitas vezes em mulheres como Hatshepsut e Cleópatra VII, que nos trazem mais informações registradas sobre como as mulheres(nobreza) viviam na antiguidade, do que as mulheres que trabalhavam nos campos. Através de análises por filtros destas nobres, conseguimos chegar até as outras mulheres, divinas e servas, que também possuem uma história que merece ser contada, mesmo que seja através do silencio das fontes. Ana Clésia Santiago. Monitora do Museu Egípcio e Rosacruz.

sábado, 2 de novembro de 2013

O Zodíaco e os Solstícios.

Em astronomia e em astrologia, o Zodíaco é a zona ou faixa do firmamento dentro da qual estão o Sol, a Lua e os principais Planetas. Uma vez que as órbitas dos Planetas são praticamente fixas, um observador na Terra vê estes corpos celestes movendo-se em estreita faixa da esfera celestial (15º). As várias configurações das estrelas fixas foram agrupadas, há mais de cinco mil anos, na Mesopotâmia (Tigre/Eufrates), em constelações que representavam objetos ou animais. Uma vez que as órbitas dos Planetas passavam pela maioria destas constelações, os gregos chamaram a esta zona do espaço “Zodiako Kyklos”, isto é, círculo de animais. O desenvolvimento da matemática astronômica permitiu aos sábios da Mesopotâmia estabelecer com precisão os doze signos zodiacais, cada um deles ocupando um arco de 30º da elíptica orbital do Sol. A história dos nomes dos símbolos zodiacais é desconhecida. Eles apareceram pela primeira vez em manuscritos gregos da alta Idade Média. O conceito de Zodíaco chegou ao Egito Antigo sob a dominação grega no século III aC . Após receber influências babilônicas e egípcias, o sistema zodiacal grego propagou-se para a Índia, Roma e Bizâncio, de onde retornou enriquecido por novos elementos recebidos do Islã e do Cristianismo (Santo Agostinho – responsável não só pelo enriquecimento do sistema, mas também, por ser figura proeminente do cristianismo, pela sua aceitação pela Igreja da Idade Média). A influência do Zodíaco na arte e na literatura foi bastante acentuada no Renascimento Italiano. É de extrema importância o simbolismo do Zodíaco, pelo fato de se constituir no protótipo de todos os ciclos da natureza, alegorizando tanto as fases da vida humana desde o nascimento até à morte, como as do Maçom, desde a sua Iniciação até atingir o Mestrado. Nos Mistérios de Ceres, em Eleusis (culto à deusa Deméter), o iniciando partilhava o destino do grão de trigo confiado à terra. Como o grão, o iniciando sofria a influência solar para desenvolver-se e frutificar, passando pelas fases da geração, da infância, da juventude, da maturidade e da velhice e morte. Sob este ponto de vista, cada signo do Zodíaco tem um significado específico, atuando sobre o ser humano nascido sob sua influência. Estes signos são representados nas Lojas Maçônicas pelas doze colunas zodiacais que ornam o Templo. Estas colunas, identificadas pelo símbolo colocado em cada uma delas, são assim dispostas no Templo: COLUNA DO NORTE. Do Ocidente para o Oriente: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem. COLUNA DO SUL. Do Oriente para o Ocidente: Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. O Zodíaco exerce influência sobre os desejos, as sensações e os sentimentos humanos, reprimindo-os ou amplificando-os, de acordo com o signo em ascendente no momento de seu nascimento. Este signo é o que ocupa a posição mais próxima do Sol neste momento. As Colunas Zodiacais, pela sua distribuição no Templo Maçônico, mostram que o grande candidato à Iniciação se relaciona com Áries, cuja impetuosidade o leva a forçar as portas do Templo. Ele é colocado na Câmara de Reflexões, onde se submete à prova da Terra, enquanto o Sol está em Touro. Morrendo para a vida profana, sob a influência de Gêmeos e seguindo a fórmula alquímica V.I.T.R.I.O.L, (Visita Interiora Terrae Rectificandoque Invenies Occultum Lapidem), o candidato faz um profundo exame de consciência, analisa os aspectos negativos de seu caráter e se propõe a abandoná-los, começando a descobrir a Pedra Polida que existe em seu coração. Em seguida o Sol se levanta e o recipiendário sai do interior da Terra, para passar pela Prova do Ar. O Sol inicia em seguida o seu curso descendente em Câncer, e o recipiendário passa pelas provas da Água e do Fogo, que é presidido por Leão, que devora tudo o que ele ainda possua de impuro. Fortificado pela energia de Leão, o neófito esposa Virgem, que o eleva às alturas do mais puro ideal. Já na Coluna do Sul, o obreiro aprende com o signo da Balança a raciocinar com clareza, e a expor suas idéias com firmeza. Passando à influência de Escorpião, o obreiro adquire uma vida interior rica, elevando a sua parte intelectual e espiritual. Em Sagitário, o Iniciado desce ao fundo de seu Eu interior e, usando os conhecimentos já adquiridos, acelera o aperfeiçoamento do seu caráter. Com o Sol em Capricórnio, domicílio de Saturno, o Maçom busca a via ascensional e se compraz na Câmara do Meio. Após ter visto a estrela Sírius no céu de Sagitário, o Iniciado se recolhe e se isola para se lamentar junto túmulo do Mestre. Esta é a prova suprema, que o leva a renovar os seus votos de trabalhar em prol da Humanidade, sob os auspícios de Saturno, agora menos sombrio e mais favorável à meditação construtiva. Neste momento, o Sol acelera a sua marcha ascendente, a partir do oceano de Peixes, para recomeçar um novo ciclo, que se inicia em Áries, ou Carneiro. Pitágoras elaborou toda uma teoria sobre as relações do Zodíaco com a migração das Almas. Quer para descer na geração, quer para tornar a subir no caminho da espiritualização da matéria, as almas deviam transpor uma das duas portas do céu. Estas portas são os pontos extremos alcançados pelo Sol em sua marcha anual, onde ele parece deter o seu movimento. Daí o nome de solstícios (paradas do Sol), ou portas solsticiais. OS SOLSTÍCIOS OU PORTAS SOLSTICIAIS A expressão Solstício vem do Latim SOLSTITIUM, de Sol e Sístere, parar. Em astronomia, o solstício é qualquer um dos dois pontos nos quais o Sol atinge o maior afastamento de sua elíptica, em relação ao equador celeste. O termo solstício é também usado para designar as datas do ano em que o Sol atinge os pontos assim definidos. Assim, no hemisfério Sul, o solstício de inverno ocorre quando o Sol está em Câncer, a 21 de junho, e o solstício de verão ocorre com o Sol em Capricórnio, a 21 de dezembro. Os solstícios determinam a separação das duas grandes fases em que a Natureza passa por transformações e fenômenos notáveis, comemorados em todos os cultos desde a Antiguidade, sob várias formas e alegorias. Os solstícios, ou portas solsticiais, são também chamados de “Porta dos Homens” e de “Porta dos Deuses”. A primeira corresponde ao solstício de inverno e a segunda ao solstício de verão. No hemisfério sul, a primeira metade do ciclo anual é “descendente”, quando o curso do Sol vai do solstício de inverno para o de verão. A segunda metade do ciclo anual é “ascendente”, quando o Sol vai do solstício de verão para o de inverno. Após a vida terrena, o ser humano, de acordo com o aperfeiçoamento espiritual alcançado, sairá por uma das portas solsticiais. Assim, a porta dos homens é ao mesmo tempo uma saída e uma entrada, para os que necessitam se aperfeiçoar. A porta solsticial dos deuses é aquela pela qual saem aqueles que não mais necessitam retornar à vida terrena. O Bhagavad Gitâ, ou Mensagem do Mestre, Livro Sagrado dos Brâmanes hindus, assim se expressa: “Aqueles que se desencarnam quando neles arde o fogo do amor divino, iluminados pela Luz do verdadeiro conhecimento recebido do Sol da Sabedoria, conhecem o Espírito Supremo e com Ele se unem; esses passam pela porta dos deuses e não são mais obrigados a renascer. Aqueles, porém, que desencarnam no meio da fumaça dos erros, na noite da ignorância, hão de voltar à esfera da mortalidade, e renascerão até que adquiram o necessário grau de amor e de sabedoria. Esses passam pela porta dos homens”. Simbolicamente, os solstícios do dia ocorrem ao meio-dia e à meia-noite. A metade ascendente do ciclo vai da meia-noite ao meio-dia, e a metade descendente vai do meio-dia à meia-noite. No simbolismo maçônico, o trabalho iniciático inicia-se ao meio-dia e termina à meia-noite, isto é, inicia-se na porta dos homens e termina na porta dos deuses. Enquanto o zênite do Sol visível ocorre ao meio-dia, hora em que começam os trabalhos maçônicos, o zênite do Sol espiritual ocorre à meia-noite, quando terminam os trabalhos do aperfeiçoamento espiritual. Na Antiguidade, os iniciados dos Grandes Mistérios contemplavam o Sol da meia-noite, significando que as trevas, ou cor negra são o símbolo do não manifestado, o Grande Arquiteto do Universo. No simbolismo maçônico, o solstício de verão, ou porta solsticial dos deuses, simboliza o Templo Ideal no qual o iniciado se transformou ao atingir a perfeição, ao completar o polimento da sua Pedra Bruta. Na antiga Grécia, os pontos solsticiais eram representados sob o trípode da Pitonisa do Templo de Delfos, e sob os pés dos cavalos do carro solar de Apolo. São João Batista e São João Evangelista são os dois patronos da Maçonaria. Desde a instituição da Maçonaria Especulativa, os Maçons celebram duas grandes festas anuais, ambas chamadas de festas de São João, as festas solsticiais; a do solstício de inverno, dedicada a São João Batista, realiza-se a 24 de junho, e a do Solstício de verão, dedicada a São João Evangelista, que se celebra a 24 de dezembro. Revista Universo Maçõnico. Ir. Antonio Rocha Fadista.

Se eu pudesse viver novamente.

Se eu pudesse viver novamente a minha vida; na próxima, não temeria cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais. Seria mais tonto do que fui, e de pronto tomaria muito poucas coisas com seriedade. Seria até menos higiênico, correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios, iria a mais lugares onde nunca fui, comeria mais sorvetes e menos coisas amargas, teria mais problemas reais, e menos imaginários. Eu fui dessas pessoas que vivi sensata e prolificamente cada minuto e sua vida, claro que tive momentos de alegria. Porém, se pudesse voltar atrás, trataria de ter somente bons momentos. Se vocês não sabem, é disso que é feita a vida, somente de momentos, não percamos tempo. Eu era desses que não iam a nenhuma parte, sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e uma bengala, se eu pudesse voltar a viver, viajaria mais leve. Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no início da primavera e seguiria assim até o final do outono. Andaria mais pelas ruazinhas, contemplaria mais amanheceres e brincaria mais com as crianças, se eu tivesse outra vida pela frente. Porém vejam, tenho oitenta e cinco e sei que estou morrendo.Revista Universo maçônico. Ir∴ João Carvalho.

Anjo da Vida.

Duas mulheres, uma anciã e uma jovem viúva, estão sentadas em um quarto, na penumbra. As mãos da jovem seguram o retrato do marido que acaba de perder a vida em um acidente. Tinham-no enterrado na manhã daquele dia. Seus vestidos de luto fazem com que dos seus rostos e mãos emane uma pálida claridade. Por muito tempo as duas mulheres ficaram sentadas, sem palavras e sem lágrimas. Finalmente a anciã tira das mãos da neta o retrato do marido e diz com voz baixa: A anciã não encontrando palavras para consolar a jovem, tenta uma parabola de Jesus: - Filha, ouve o que quero dizer-te. A jovem não responde, mas a anciã começa a falar: - Quando Deus me deu o primeiro filho, aconteceu que ele ficou doente e eu, sentada à noite ao seu lado, com uma mão no berço, e a outra no terço adormeci. Tive um sonho muito estranho: detrás de uma cortina longa e densa saiu um anjo escuro e aproximou-se do berço, querendo levar o meu filho. Estendi logo as mãos com o terço e sobre o berço gritei: - Não, Morte, não te deixo levar o meu filho! O anjo sorriu e disse: - Não me chamo Morte, chamo-me vida! Precisarei levar o teu filho. Ou preferes trocar? Queres este em lugar do bebê? Erguendo ele a cortina, saiu de lá um menino bonito e forte, de pele clara, olhos azuis e cabelos louros em caracóis. Mas a mim era estranho e gritei: - Não, não o quero! Antes mata-me. Ninguém pode matar – replicou o anjo – Precisas concordar com a troca! Ou preferes este? O menino desapareceu e em seu lugar apareceu um jovem. - Toma este! Vê como ele é belo, seus membros bem proporcionados, corpo e alma com forças vibrantes. - Não, não! – gritei outra vez. E o anjo disse: - Mas este amarás com certeza. – E mostrou-me a imagem de um homem de barba escura, bronzeado pelo sol e pelos ventos. - Não, – voltei a gritar – nunca o amarei! Vou odiá-lo! - Mas este aqui – o anjo continuou a argumentar comigo: era um velho de ombros largos e cabelos grisalhos. - Não, não, não! Jamais trocarei. Vai embora e não toques no meu filhinho! O anjo sorriu outra vez, dizendo: - Certamente irás trocar e serás feliz. Vida e morte são uma coisa só. A morte não existe. Assim dizendo, desapareceu. Acordei trêmula, ao lado do berço do meu filho que estava dormindo tranqüilamente. Os anos passaram e eu fui trocando: o bebê pelo menino, o menino pelo jovem, o jovem pelo homem e o homem pelo velho. E fui me lembrando de cada um como o tinha visto no sonho. De todos eles, só o grisalho tu bem conheces: é meu filho, o teu pai! A anciã se calou. E a jovem viúva ergueu o retrato do marido, dizendo: - Mas isto aqui não é troca, vovó, isto é roubo! - Espera – disse a anciã – ainda não terminei. Na noite seguinte o sonho se repetiu, e na minha visão o anjo voltou. Vi outra vez o menino, o jovem, o homem e o velho e não quis saber nada deles. Mas, depois de mostrar-me tudo como na noite anterior, o anjo disse: - Até aqui era só por brincadeira. Agora precisas aceitar uma troca bem mais difícil: aceita este em troca! - Mas não vejo ninguém! – exclamei. - Não podes vê-lo – replicou o anjo. - Mas também não ouço ninguém. - Pois ele não se deixa ouvir – respondeu o anjo. Eu tateava ao redor: - Ninguém está aqui! E o anjo disse: - Tampouco podes palpá-lo. - Então zombas de mim? - Não. Tu não me entendes. Vou falar de outra maneira. - Tu me darias os teus olhos em troca do filho? - Leva-os! – gritei. Logo caiu uma escuridão profunda sobre mim, mas ouvia ainda a respiração tranqüila do meu filho, como se fosse uma brisa noturna deliciosa. - Mas não é ainda suficiente – disse o anjo – Dá-me a tua audição. - Leva-a! – ordenei, e peguei o corpinho de meu filho com as duas mãos, beijando-o ternamente. - Mas ainda não é suficiente – exigiu o anjo novamente. - Dá-me todos os teus sentidos. - Leva-os todos! – gritei, e afundei no nada. - Onde está o meu filho? Onde? - Podes crer: ele vive. O que desaparece dos sentidos nem por isso está morto. A morte não existe para aqueles que tem Jesus como seu salvador, Deus criou só a vida. Entendes agora? A estas palavras do anjo acordei. Muitas vezes tenho meditado sobre o que o anjo disse, e paulatinamente comecei a compreender. Muitas vezes somos servos dos nossos sentidos. Mas Deus como Senhor dos mil sentidos consegue transformar o que amamos, mil vezes. São transformações que não nos permitem ver, nem ouvir, nem apalpar. É por isso que falamos da morte. Mas a morte não existe quando se tem Jesus como vida. A vida natural rouba, e dá sem cessar. Se soubermos isto, qualquer sofrimento poderá transformar-se em alegria antecipada. A anciã calou-se. Depois de algum tempo a jovem viúva repousou a cabeça nas mãos da velha, perguntando: - Quem te ensinou tudo isso, amada avó? - A vida, minha filha, a vida… E a anciã acrescentou: …e a morte!Revista Universo Maçônico. Ir. Carmo Capozzi

Os Essênios.

Eram originários do Egito, e durante a dominação do Império Selêucida, em 170 A.C., formaram um pequeno grupo de judeus, que abandonou as cidades e rumou para o deserto, passando a viver às margens do Mar Morto, e cujas colônias estendiam-se até o vale do Nilo Os essênios pertenciam a uma das cinco seitas judaicas da época, a saber: Os Fariseus – Flexíveis na interpretação das escrituras, valorizavam a erudição, questionavam a tradição e adaptavam as leis às circunstâncias. Acreditavam na alma imortal e na ressurreição, mas não eram messiânicos. Os Saduceus – Aristocráticos estavam sempre ao lado de quem detinha o poder. Dominavam os serviços religiosos no Templo em Jerusalém, e interpretavam literalmente as leis. Negavam a imortalidade da alma e a ressurreição. Os Sicários – “Homens com punhal” partilhavam das mesmas crenças dos fariseus, mas viam a guerrilha contra Roma como um preparo de ações maiores a serem realizadas na chegada do Reino de Deus. Os Zelotas – De origem sacerdotal pregavam a expulsão dos romanos e a morte dos judeus que colaboravam com o invasor, chegando a matar os que se casavam com mulheres pagãs. Desencadearam a revolta contra os romanos que levou à Guerra Judaica ( 66-70 d.C.). Entre os seguidores de Jesus, Pedro, Judas e seu irmão Thiago teriam sido zelotas. No meio da corrupção que imperava na época, os essênios conservavam a tradição dos profetas e o segredo da Pura Doutrina. De costumes irrepreensíveis, moralidade exemplar, pacíficos e de boa fé, dedicavam-se ao estudo espiritualista, à contemplação e à caridade, longe do materialismo avassalador. Segundo alguns estudiosos, foi nesse meio onde passou Jesus, no período que corresponde entre seus 13 e 30 anos. Os essênios suportavam com admirável estoicismo os maiores sacrifícios para não violar o menor preceito religioso. Procuravam servir a Deus, auxiliando o próximo, sem imolações no altar e sem cultuar imagens. Eram livres, trabalhavam em comunidade, vivendo do que produziam. Em seu meio não havia escravos. Tornaram-se famosos pelo conhecimento e uso das ervas, entregando-se abertamente ao exercício da medicina ocultista. Em seus ensinos, seguindo o método das Escolas Iniciáticas, submetiam os discípulos a rituais de Iniciação, conforme adquiriam conhecimentos e passavam para graus mais avançados. Mostravam então, tanto na teoria quanto na prática, as Leis Superiores do Universo e da Vida, tristemente esquecidas na ocasião. Alguns dizem que eles preparavam a vinda do Messias. Eram uma seita aberta aos necessitados e desamparados, mantendo inúmeras atividades onde a acolhida, o tratamento de doentes e a instrução dos jovens eram a face externa de seus objetivos. Muitos estudiosos acreditam que a Igreja Católica procura manter silêncio acerca dos essênios, tentando ocultar que receberam dessa seita muitas influências. Não há nenhum documento que comprove a estada essénia de Jesus, no entanto seus atos são típicos de quem foi iniciado nessa seita. A missão dos seguidores do Mestre Verdadeiro foi a de difundir a vinda de um Messias e nisso contribuíram para a chegada de Jesus. Na verdade, os essênios não aguardavam um só Messias, e sim, dois. Um originário da Casa de Davi, viria para legislar e devolver aos judeus a pátria e estabelecer a justiça. Esse Messias-Rei restituiria ao povo de Israel a sua soberania e dignidade, instaurando um novo período de paz social e prosperidade. Jesus foi recebido por muitos como a encarnação desse Messias de sangue real. No alto da cruz onde padeceu, lia-se a inscrição: “Jesus Nazareno Rei dos Judeus”. O outro Messias esperado nasceria de um descendente da Casa de Levi. Esse Salvador seguiria a tradição da linhagem sacerdotal dos grandes mártires. Sua morte representaria a redenção do povo e todo o sofrimento e humilhação por que teria que passar em vida seria previamente traçado por Deus. O Messias-Sacerdote mostrar-se-ia resignado com seu destino, dando a vida em sacrifício. Faria purgar os pecados de todos e a conduta de seus atos seria o exemplo da fé que leva os homens a Deus. Para muitos, a figura do pregador João Batista se encaixa no perfil do segundo Messias. Até os nossos dias, uma seita do sul do Irã, os Mandeanos, sustenta ser João Batista o verdadeiro Messias. Vivendo em comunidades distantes, os essênios sempre procuravam encontrar na solidão do deserto o lugar ideal para desenvolverem a espiritualidade e estabelecer a vida comunitária, onde a partilha dos bens era a regra. Rompendo com o conceito da propriedade individual, acreditavam ser possível implementar no reino da Terra a verdadeira igualdade e fraternidade entre os homens. Consideravam a escravidão um ultraje à missão do homem dada por Deus. Todos os membros da seita trabalhavam para si e nas tarefas comuns, sempre desempenhando atividades profissionais que não envolvessem a destruição ou violência. Não era possível encontrar entre eles açougueiros ou fabricantes de armas, mas sim grande quantidade de mestres, escribas, instrutores, que através do ensino passavam de forma sutil os pensamentos da seita aos leigos. O silêncio era prezado por eles. Sabiam guardá-lo, evitando discussões em público e assuntos sobre religião. A voz, para um essénio, possuía grande poder e não devia ser desperdiçada. Através dela, com diferentes entonações, eram capazes de curar um doente. Cultivavam hábitos saudáveis, zelando pela alimentação, físico e higiene pessoal. A capacidade de predizer o futuro e a leitura do destino através da linguagem dos astros tornaram os essênios figuras magnéticas, conhecidas por suas vestes brancas. Eram excelentes médicos também. Nos escritos dos rosacruzes, são considerados como uma ramificação da Grande Fraternidade Branca, fundada no Egito no tempo do faraó Akenaton. Em cada parte do mundo onde se estabeleceram, eles receberam nomes diferentes, às vezes por necessidade de se protegerem contra as perseguições ou para manterem afastados os difamadores. Mestres em saber adaptar seus pensamentos às religiões dos países onde se situavam, agiram misturando muitos aspectos de sua doutrina a outras crenças. O saber mais profundo dos essênios era velado à maioria das pessoas. É sabido também que liam textos e estudavam outras doutrinas. De sua teologia e de suas doutrinas se conhece muito pouco. Não se sabe se tiveram outros livros sagrados além do Pentateuco. Para ser um essênio, o pretendente era preparado desde a infância na vida comunitária de suas aldeias isoladas. Já adulto, o adepto, após cumprir várias etapas de aprendizado, recebia uma missão definida que ele deveria cumprir até o fim da vida.. Vestidos com roupas brancas, ficaram conhecidos em sua época como aqueles que “são do caminho”. Foram fundadores dos abrigos denominados “beth-saida” , que tinham como tarefa cuidar de doentes e desabrigados em épocas de epidemia e fome. Os beth-saida anteciparam em séculos os hospitais, instituição que têm seu nome derivado de hospitaleiros, denominação de um ramo essênio voltado para a prestação de socorro às pessoas doentes. Fizeram obras maravilhosas, que refletem até os nossos dias. Cotidiano e Filosofia dos Essênios. É possível conhecer o dia a dia dos essênios a partir de informações do historiador judeu Flávio Josefo ( 37 d.C – 100 d.C) que com 16 anos viveu durante três anos com um mestre essênio e deixou documentos relatando as suas experiências. De acordo com Josefo, os membros da seita acordavam antes do nascer do Sol. Permaneciam em silêncio e faziam suas preces até o momento em que um mestre dividia as tarefas entre eles de acordo com a aptidão de cada um. Trabalhavam durante 5 horas em atividades como o cultivo dos vegetais ou o estudo das escrituras. Terminadas as tarefas, banhavam-se em água fria e vestiam túnicas brancas. Comiam uma refeição em absoluto silêncio, só quebrado pelas orações recitadas pelo sacerdote no início e no fim. Retiravam então a túnica branca, considerada sagrada, e retornavam ao trabalho até o pôr-do-sol. Tomavam outro banho e jantavam com a mesma cerimônia. Josefo também nos conta que os essênios tinham com o solo uma relação de devoção. Um dos rituais comuns deles consistia em cavar um buraco de cerca de 30 centímetros de profundidade em um lugar isolado dentro do qual se enterravam para relaxar e meditar. As refeições eram frugais, com legumes, azeitonas, figos, tâmaras e, principalmente, um tipo muito rústico de pão, que quase não levava fermento. Eles possuíam pomares e hortos irrigados pela água da chuva, que era recolhida em enormes cisternas e servia como bebida. Além dela, as bebidas essênias se resumiam ao suco de frutas e “vinho novo”, um extrato de uva levemente fermentado. Os hábitos alimentares frugais e a vida metódica dos essênios garantiam-lhes uma vida saudável. Segundo Josefo, muitos deles teriam atingido idade extraordinariamente avançada. Uma das principais obras que permitem o estudo sobre a filosofia essênia é um manuscrito encontrado em 1785 por um historiador francês em viagens pelo Egito e pela Síria. É um dialogo entre Josefo e o mestre essênio Banus a respeito das leis da natureza. Abaixo estão algumas definições: O Bem – Tudo aquilo que preserva ou produz coisas para o mundo, como “o cultivo dos campos, a fecundidade de uma mulher e a sabedoria de um professor”. O Mal – O que causa a morte, como a matança de animais. Por esse motivo, o sacrifício de animais, mesmo que para a alimentação, é condenável. A Justiça – O homem deve ser justo porque na lei da natureza as penalidades são proporcionais às infrações. Deve ser pacífico, tolerante e caridoso com todos, “para ensinar aos homens como se tornarem melhores e mais felizes”. A Temperança – Sobriedade e moderação das paixões são virtudes, pois os vícios trazem muitos prejuízos à saúde. A Coragem – Ela é essencial para “rejeitar a opressão, defender a vida e a liberdade”. A Higiene – Uma outra virtude essencial para os essênios para “renovar o ar, refrescar o sangue e abrir a mente à alegria”. O Perdão – No caso de as leis não serem cumpridas, a penitência é simples e para se obter o perdão, deve-se “fazer um bem proporcional ao mal causado”. Jesus Cristo teria sido um Essênio? Há dezenas de dúvidas sobre os essênios, mas a hipótese de que Jesus Cristo teria tido contato com eles é uma das mais intrigantes. Não há relatos sobre onde esteve nem o que Jesus fez entre seus 13 e 30 anos. Assim, a hipótese que os estudiosos adotam é a de que Jesus, durante esse tempo, esteve com os essênios e teve sua “clarividência” despertada junto a esse povo. Outro fato intrigante, é que, sendo os essênios uma das três mais importantes seitas da Palestina naquela época, por que o evangelho não fala deles? Teria sido o evangelho “censurado”? A verdade ainda é desconhecida, mas, de acordo com os manuscritos do mar Morto, eis alguns costumes dos essênios: • Batismo • Santa Ceia • Caridade • Andavam em grupo de doze • Jejum • Curandeirismo (por imposição das mãos). O tipo de vida dos essênios se parecia muito com a dos primeiros cristãos, o que faz algumas pessoas pensarem que Jesus fez parte dessa seita antes de começar sua missão pública. O que se tem certeza é de que Jesus pode tê-la conhecido, mas não há nada que prove que Ele a tenha adotado, e tudo o que se escreveu sobre esse assunto não tem comprovação. O Legado Essênio. No fim de 1946 (Novembro ou Dezembro) três pastores em Ain Feshka, oásis próximo ao Mar Morto, descobrem em uma das grutas da região uns jarros de argila e em um deles três rolos escritos em hebraico antigo, o que dificulta a identificação. Essa gruta está situada nos rochedos de uma falésia aproximadamente 1300 metros ao norte de algumas ruínas que os árabes conhecem pelo nome de Khirbet Qumran. Assim, com a descoberta, os arqueólogos relacionam o grupo que vivia nessas ruínas com os possíveis responsáveis pelos manuscritos encontrados. E ao redor, outras grutas são encontradas contendo outros fragmentos cuidadosamente embalados em jarros, o que leva a crer que aqueles documentos não estariam ali por acaso. No total, são recuperados, em 11 grutas de Qumran, 11 manuscritos mais ou menos completos e milhares de fragmentos de mais de 800 manuscritos em pergaminhos e papiros. Escritos em hebraico, aramaico e grego, cerca de 225 manuscritos são cópias de livros bíblicos, sendo o restante livros apócrifos. Os manuscritos estão sendo traduzidos até hoje e muito já foi descoberto.Revista Universo Maçônico. Ir. José Maria Vidotto

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

lágrimas.

Quando a luta te deixe em plena estrada, Qual tronco a sós, sem flores e sem frondes, Na secreta renúncia a que te arrimas, Bendita seja a lágrima que escondes! Quando a amargura te converta a vida Em rede estranha de sinistras horas, Mesmo nas raias do suplício extremo, Bendita seja a lágrima que choras! Quando a prova te assalte os semelhantes Na dor de sendas ásperas e incertas, Na simpatia que te inflama o peito, Bendita seja á lagrima que ofertas! Quando, porém, caminhas na bondade A que nobre e sereno te conjugas, Muito acima das lágrimas que vertes, Bendita seja a lágrima que enxugas!

Além da noite.

Por que dizer que a vida é triste, que o mundo é mera fantasia? Felicidade não existe e que o amor é hipocrisia? Por que viver nessa amargura e maldizendo o amor de Deus? Por que chorar só desventura se existe luz nos olhos teus? A vida é bela minha amiga ... Por que viver na solidão se brilha o Sol em seu caminho? Faça feliz seu coração, semeando amor onde há espinho... Até a dor sabe sorrir e a ave presa vive a cantar! Por que você não vê florir estrelas mil junto ao luar ... A vida é bela minha amiga ... O entardecer em multicores deixa a saudade no horizonte! Entre espinhos nascem flores e entre amores murmura a fonte ... Além da noite o Sol desponta e a natureza se enternece! O amor de Deus é amor sem conta, embala o mundo em doce prece ...

R E N A S C E R.

"Se a vontade bem dirigida é a bússola de nossa embarcação no mar das provas edificantes, podemos, em verdade, renascer, cada hora..." - Emmanuel Deplorável engano esperar alguém por nova reencarnação, a fim de melhorar-se. A entrada de nossa alma na luta humana é como que o ingresso do aluno do amor e da sabedoria, em novas fases de aprimoramento na grande escola da Terra. E, se vemos a árvore renascer da semente, em trabalho metódico, e se observamos o tempo ressurgir, em cada novo dia, é fácil reconhecer a nossa privilegiada posição de criaturas conscientes, no círculo das possibilidades de renascimento espiritual em qualquer ocasião. Se a vontade bem dirigida é a bússola de nossa embarcação no mar das provas edificantes, podemos, em verdade, renascer, cada hora... Da incerteza para a confiança. Do desalento para a coragem. Da tristeza para a alegria. Da fadiga para o bom ânimo. Da sombra para a luz. Do mal para o bem. Da perturbação para o equilíbrio, Da dor para a felicidade. Da discórdia para a paz. Da violência para a harmonia. Do ruído para o silêncio. Do ódio para o amor. Renascimento de hoje, porém, indica a morte da véspera. Se não aprendemos a ceder, em silêncio, apagando os nossos impulsos de dominação individualista, quando se cala a semente na cova escura, morrendo para reviver no pão que enriquece o celeiro, será sempre difícil a nossa renovação. Usando o amor e a humildade, no clima do serviço incessante, encontraremos, cada dia, mil recursos de recomeçar a nossa jornada, com bases no Infinito Bem. Cada qual de nós possui o tesouro do coração, do cérebro, do verbo, dos braços... Se quisermos empregar semelhantes patrimônios, na transformação dos valores que nos cercam, convertendo a nossa fé em motivo de trabalho santificador, em todos os momentos da vida, permaneçamos convictos de que estamos no renascimento constante, a caminho da perfeição crescente, que nos outorgará o direito às mais vastas compensações da Vida Universal. EMMANUEL

O tempo.

Todas as criaturas gozam o tempo – raras aproveitam-no. Corre a oportunidade – espalhando bênçãos. Arrasta-se o homem – estragando as dádivas recebidas. Cada dia é um país – de vinte e quatro províncias. Cada hora é uma província – de sessenta unidades. O homem, contudo, é o semeador – que não despertou ainda. Distraído cultivador, pergunta: - que farei? E o tempo silencioso responde, com ensejos benditos: De servir – ganhando autoridade. De obedecer – conquistando o mundo. De lutar – escalando os céus. O homem, todavia, - voluntariamente cego. Roga sempre mais tempo – para zombar a vida, Porque se obedece – revolta-se orgulhoso, Se sofre – injuria e blasfema, Se chamado a conta – lavra reclamações descabidas. Cientistas – fogem da verdadeira ciência. Filósofos – ausentam-se dos próprios ensinos. Religiosos – negam a religião. Administradores – retiram-se da responsabilidade. Médicos – subtraem-se à medicina. Literatos – furtam-se à divina verdade. Estadistas – centralizam a dominação. Servidores do povo – buscam interesses privados. Lavradores – abandonam a terra. Trabalhadores – escapam do serviço. Gozadores temporários – entronizam ilusões. Ao invés de suar no trabalho – apanham borboletas da fantasia. Desfrutam a existência – assassinando-a em si próprios. Possuem os bens da Terra – acabando possuídos. Reclamam liberdade – submetendo-se à escravidão. Mas chega, um dia – porque há sempre um dia mais claro que os outros, Em que a morte surge – reclamando trapos velhos... O tempo recolhe, então, apressado – as oportunidades que pareciam sem fim, E o homem reconhece – tardiamente preocupado, Que a Eternidade infinita – pede contas do minuto... André Luiz

Além da Morte.

Cumprida mais uma jornada na terra, seguem os espíritos para a pátria espiritual, conduzindo a bagagem dos feitos acumulados em suas existências físicas. Aportam no plano espiritual, nem anjos, nem demônios. São homens, almas em aprendizagem despojadas da carne. São os mesmos homens que eram antes da morte. A desencarnação não lhes modifica hábitos, nem costumes. Não lhes outorga títulos, nem conquistas. Não lhes retira méritos, nem realizações. Cada um se apresenta após a morte como sempre viveu. Não ocorre nenhum milagre de transformação para aqueles que atingem o grande porto. Raros são aqueles que despertam com a consciência livre, após a inevitável travessia. A grande maioria, vinculada de forma intensa às sensações da matéria, demora-se, infeliz, ignorando a nova realidade. Muitos agem como turistas confusos em visita à grande cidade, buscando incessantemente endereços que não conseguem localizar. Sentem a alma visitada por aflições e remorsos, receios e ansiedades. Se refletissem um pouco perceberiam que a vida prossegue sem grandes modificações. Os escravos do prazer prosseguem inquietos. Os servos do ódio demoram-se em aflição. Os companheiros da ilusão permanecem enganados. Os aficionados da mentira dementam-se sob imagens desordenadas. Os amigos da ignorância continuam perturbados. Além disso, a maior parte dos seres não é capaz de perceber o apoio dispensado pelos espíritos superiores. Sim, porque mesmo os seres mais infelizes e voltados ao mal não são esquecidos ou abandonados pelo auxílio divino. Em toda parte e sem cessar, amigos espirituais amparam todos os seus irmãos, refletindo a paternal providência divina. Morrer, longe de ser o descansar nas mansões celestes ou o expurgar sem remissão nas zonas infelizes, é, pura e simplesmente, recomeçar a viver. A morte a todos aguarda. Preparar-se para tal acontecimento é tarefa inadiável. Apenas as almas esclarecidas e experimentadas na batalha redentora serão capazes de transpor a barreira do túmulo e caminhar em liberdade. A reencarnação é uma bendita oportunidade de evolução. A matéria em que nos encontramos imersos, por ora, é abençoado campo de luta e de aprimoramento pessoal. Cada dia de que dispomos na carne é nova chance de recomeço. Tal benefício deve ser aproveitado para aquisição dos verdadeiros valores que resistem à própria morte. Na contabilidade divina a soma de ações nobres anula a coletânea equivalente de atos indignos. Todo amor dedicado ao próximo, em serviço educativo à humanidade, é degrau de ascensão. Quando o véu da morte fechar os nossos olhos nesta existência, continuaremos vivendo, em outro plano e em condições diversas. Estaremos, no entanto, imbuídos dos mesmos defeitos e das mesmas qualidades que nos movimentavam antes do transe da morte. A adaptação a essa nova realidade dependerá da forma como nos tivermos preparado para ela. Semeamos a partir de hoje a colheita de venturas, ou de desdita, do amanhã. Pense nisso. Divaldo Pereira Franco