quinta-feira, 10 de setembro de 2009
CONSCIENCIA CÓSMICA NO ORIENTE.
"O degrau máximo da vida de um ser humano é chegar à compreensão de que tudo é ilusório" Buda
São curiosas mesmo as similitudes entre as mais diversas religiões do mundo quando as estudamos de perto. O que o Eclesiástico chama de "vaidade", a tradição hindu chama de "ilusório". A dor, mera ilusão, o mesmo valendo para os prazeres.
Aplausos? Ilusão. Sucesso? Ilusão. Fracasso? Ilusão. Vaias? Ilusão.
Morrem aqui todas as dicotomias de um mundo religiosamente fundado em pontos de vista éticos. Mesmo aquilo que ousaríamos chamar valorativamente de "bem" ou de "mal", não passa de ilusão; tudo são manifestações da Mente Superior que tudo vê e a tudo criou. E como é que poderia ser diferente?
A história de Sidarta Gautama, o Buda, O Iluminado, Aquele que despertou, amplamente conhecida por nós no ocidente não é "novidade" para a tradição hindu.
A "pedagogia" religiosa hindu clássica sempre pautou-se pela busca do mais elevado degrau da iluminação. Na infância e pré-adolescência, estudava-se os Artha (como lidar com o mundo das aparências, com o prático-pragmático em termos nossos). A transição da adolescência para a idade adulta trazia o ensino dos Kama (relações de plenificação e realização com o sexo oposto). A maturidade era contemplada com o aprendizado das leis do Dharma ("política" no sentido de "relações intersubjetivas em todas as esferas de atuação no cotidiano ao longo da vida". Estes três primeiros degraus de aprendizado eram inclusive acompanhados de manuais, o Sutra; assim temos o Artha Sutra (manual de orientação profissional), o Kama Sutra (manual de orientação para o amor) e o Dharma Sutra (manual de ciência política).
Aqueles cujas ânsias e pulsões internas apontassem naquela direção, após sucesso comprovado nas esferas anteriores eram orientados pessoalmente por grandes líderes espirituais (os gurus) podendo chegar ao Moksha (Iluminação, o grande despertar das percepções psíquicas superiores).
O caminho seguido por Sidarta, contudo, é exemplar. Rememoremo-lo, portanto: abandonando o luxo e a luxúria em que vivia, primeiro Sidarta foi viver entre os anacoretas, os mendicantes, depois abandonou-os também quedando-se meditativo na chamada "Árvore do Conhecimento", onde sofre as três tentações clássicas; a luxúria, o medo da morte e a de viver preso aos deveres sociais.
Vale remarcar aqui que Cristo também passou por três tentações no deserto. Não foram as mesmas tentações, mas também foram três; primeiro a tentação "econômica", quando satanás sugere que transforme pedras em pães e é repreendido; a seguir a tentação política, quando lhe são oferecidos os reinos da Terra e, de novo, Cristo o repreende; finalmente a tentação espiritual, quando é convidado a arremessar-se do alto do Templo para que anjos o amparem: a repreensão final, não tentarás o Senhor teu Deus! faz o demônio desaparecer.
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