quarta-feira, 30 de março de 2011
A Lenda Maravilhosa.
A propósito do sentido da palavra "sacerdócio", vamos transcrever uma passagem do famoso poema de Longfellow A Lenda Maravilhosa.
"Ajoelhado nas lajes da cela, o monge rezava contrito. Acusava-se a si mesmo do pecado de indecisão. Pedia forças para resistir com mais altruísmo às provas e tentações. Era meio-dia e estava só.
De repente, como um relâmpago, um esplendor inusitado brilhou dentro e fora dele. Encheu de glória a sua estreita cela de pedra. Teve uma visão. Viu-se rodeado por uma luz celestial que o envolvia como se fosse uma veste, como um vasto manto que o rodeasse".
Não era decerto o Salvador dolorido, mas o Cristo dando de comer aos famintos e curando os enfermos.
"Em atitude implorante e com as mãos cruzadas sobre o peito, maravilhado, admirado e em adoração, estava o monge, prostrado e em êxtase profundo.
E, durante a exaltação, ouviu repentinamente a chamada do sino convento. Soou com uma violência que nunca tinha notado".
O sino chamava-o para cumprir a sua tarefa: alimentar os pobres. Era o esmoler da comunidade.
"Na sua adoração encheu-se de tristeza. Vacilou. Não sabia que fazer. Cumprir o seu dever ou deixar-se ficar ali? Deveria deixar os pobres famintos à espera, na porta do convento, até que a visão se desvanecesse? Ou seria melhor trocar o seu visitante celeste por aquela multidão esfarrapada de mendigos depravados que estava na portaria do convento? A visão esperaria por ele até regressar à cela? Voltaria mais tarde? Então, ouviu uma voz interior. Era tão clara e perceptível como se ressoasse nos ouvidos: ‘Cumpre o teu dever, que é o melhor, e deixa o resto nas mãos do Senhor’.
Levantou-se num instante. Dirigiu um suplicante olhar para a bendita visão, inclinou-se e, arrastando-se pela cela, saiu para cumprir a sua missão.
Os pobres esperavam na portaria. Tinham no olhar aquela expressão de terror própria que de quem se habituou a ouvir o som das portas que os indiferentes lhes fecham e se familiarizou com o desprezo e com o sabor do pão não comido. Mas hoje, sem saberem porquê, era como se as portas do convento fossem as do paraíso. O pão e o vinho sabiam-lhes a um divino sacramento. O monge fazia a sua oração do coração. E pensava no sofrimento dos pobres sem lar, dos que se vêem e dos que não se vêem. E a voz fez-se ouvir de novo: ‘Aquilo que fizeres ao mais pobre e miserável, é como se o fizesses a mim mesmo’.
A mim? Mas se a visão se lhe tivesse apresentado com o aspecto de um mendigo esfarrapado, tê-la-ia recebido de joelhos e em adoração, ou ter-se-ia afastado dela troçando?
Assim o interrogava subtilmente a consciência. Terminada a tarefa, regressou em passo rápido à cela. Reparou como o convento resplandecia, envolto numa luz sobrenatural. Parecia que uma nuvem luminosa se estendia do telhado ao solo.
À soleira da porta da cela quedou-se, imóvel de espanto. A visão ainda ali estava. Não tinha mudado. Era como se ali tivesse permanecido à sua espera durante todo aquele tempo.
Com o coração exultando de alegria, compreendeu então a mensagem daquela bendita visão:
"Se não tivesses cumprido o teu dever, eu já aqui não estaria".
A história repete-se agora uma vez mais, tal como naqueles tempos remotos. As pessoas insistem em correr de um lado para outro à procura da luz. Há mesmo quem chegue a viajar até aos confins do mundo, como fez o Cavaleiro Launfal, perdendo o precioso tempo da sua vida à procura do que julgam ser "espiritualidade", sem mais nada encontrar do que desenganos atrás de desenganos. O próprio Launfal, que passou toda a vida à procura do Graal fora de casa, encontrou-o finalmente, e sem dificuldade, na soleira da porta do seu castelo. E o mesmo acontece com todos os que honestamente procuram a espiritualidade: encontra-la-ão no seu próprio coração. O único perigo é o de a não reconhecerem, como acontecem àqueles que se deslocaram ao país da luz. Ninguém consegue reconhecer a verdadeira espiritualidade nos outros se não a tiver desenvolvido já, de alguma forma, em si próprio.
Parece, pois, conveniente definir desde já o que é a "espiritualidade", para termos uma orientação que nos permita identificar este atributo crístico. Para lá chegarmos sem risco de fracasso temos de pôr de lado eventuais preconceitos. A ideia corrente que está na base da noção de espiritualidade é que a sua essência é a oração e a meditação. Todavia, se prestarmos atenção à vida do Salvador, veremos que ele não foi um contemplativo. Jesus nunca se enclausurou; não fugiu nem se ocultou do mundo. Pelo contrário. Envolveu-se com as gentes e ajudou-as nas suas necessidades diárias, deu-lhes de comer quando foi necessário, curou os seus males sempre que teve oportunidade – e ainda lhes ministrou ensinamentos. Ele foi, desta forma, na verdadeira acepção do termo, um servidor da Humanidade.
O monge da história viu-O assim mesmo durante o êxtase espiritual. Foi nesse preciso momento que soaram as doze badaladas chamando-o para o cumprimento do seu dever – que era o de imitar Cristo: encarregar-se da alimentação dos pobres que o esperavam na portaria do convento. Terá sido grande, na verdade, a tentação de se deixar ficar na cela, de se banhar naquelas vibrações celestiais. De outro modo, a voz não se teria feito ouvir: "Cumpre o teu dever, que é o melhor que tens a fazer.". Como teria conseguido adorar Aquele que tinha alimentado os pobres e curado os enfermos se, ao mesmo tempo, os abandonasse, famintos como estavam, à sua espera, na portaria do convento? A sua permanência na cela teria sido um erro. E a visão confirmou-o dizendo-lhe ao regressar: "Se não tivesses cumprido o teu dever, eu já não estaria aqui".
O seu primeiro impulso, egoísta, teria sido absolutamente contrário ao fim a que se propunha alcançar. E se não fosse cumpridor nas pequenas coisas, relacionadas com os seus deveres terrenos, como se poderia imaginar fiel noutras, mais importantes, de natureza espiritual? Naturalmente, a menos que fosse capaz de sair vitorioso da prova, não lhe seriam dados maiores poderes.
Max Heindel.
Credo de Wagner.
Creio em Deus Pai, em Mozart e em Beethoven, assim como em seus discípulos e apóstolos. Creio no Espírito Santo e na verdade da arte, una e indivisível. Creio que esta tem origem em Deus e vive no coração de todos os homens iluminados pelo céu. Creio que, quem experimentou uma só vez as suas sublimes doçuras, se converte a ela e jamais será um renegado. Creio que todos podem alcançar a felicidade através dela. Creio que no juízo final serão afrontosamente condenados todos os que nesta terra se atreveram a comerciar com esta arte sublime, a qual desonram por maldade de coração e grosseira sensualidade. Creio, ao contrário, que os seus fiéis discípulos serão glorificados numa essência terrestre, radiante, com o brilho de todos os sóis, no meio dos perfumes e acordes mais perfeitos, e que estarão reunidos por toda a eternidade na divina fonte de toda a harmonia. Oxalá me seja outorgada tal graça! Ámen.
In A Mitologia dos Povos Germânicos.
Maria Lucília F. Meleiro.
O Significado Esotérico do Inferno.
Com a palavra "Inferno" indicam as religiões populares um lugar onde as almas, segundo a crença geral dos seus fiéis, sofrem castigos "eternos" pelas más acções praticadas durante a vida na Terra.
A palavra "Inferno" indica um estado inferior, e é usada como o oposto ao "Céu".
Os ingleses traduzem esta palavra por "Hell", e os Alemães "Holle", porque as suas mitologias descreviam esse suposto lugar como o reino da deusa Hell, que tinha domínio no tenebroso mundo das "sombras"1. E, enquanto os cristãos crêem que no Inferno arde incessantemente um horrível fogo, os antigos escandinavos, que viviam perto do Polo Norte, imaginavam que lá fazia muito frio. No que, porém, todas as religiões exotéricas são unânimes, é na ideia de ali haver trevas densas.
Os gregos chamaram ao reino das "sombras", das almas desencarnadas, o "Hades", isto é, "o invisível"; e a uma das suas regiões deram o nome de "Tártaro", lugar de escuridão completa.
Para os judeus, o termo "Inferno" corresponde à palavra "Sheol", mas às vezes usa-se o vocábulo "Geena" que, na realidade, era apenas nome de um vale, perto da cidade de Jerusalém, onde se mantinha perpetuamente aceso um fogo para fins sanitários, queimando ali os lixos retirados da cidade.
Quando a Bíblia menciona o Inferno, refere-se à dor que é resultado das más acções praticadas. Vamos explicar. A reincarnação, que foi admitida por quase todas as escolas éticas e religiões antigas, e até pelo cristianismo, como sabemos, ajudará a compreender melhor este assunto.
Liberto do corpo físico, depois da morte, o espírito vê o "filme" da vida que terminou. A recordação dos maus actos provoca um sentimento de mágoa, agudo, preciso, de imenso valor na vida futura. É a origem da voz da consciência, silenciosa e profunda. Todavia, a responsabilidade que decorre dos erros praticados não fica saldada! E como a vida no mundo celeste é interrompida pelas incarnações sucessivas, é então que se recolhe o que foi semeado sob o impulso da lei da consequência; "o que o homem semeia, isso colherá2. O renascimento ocorre no ambiente propício ao pagamento dessas dívidas, com a tendência para repetir os mesmos erros, até se aprender a agir bem conscientemente3. E, assim, parte da vida – as relações familiares, os amigos, o emprego, a saúde – transformar-se-á num vale de lágrimas.
É isto o Inferno: um conjunto de experiências que resultam da sementeira efectuada. São experiências de sofrimento, medo e tortura, física ou mental. Algumas são de tal maneira horríveis que só se podem descrever como "um inferno na Terra". Podem ser experiências de loucura4, que torna o espírito prisioneiro do seu corpo, incapaz de poder coordenar o seu corpo e a mente; ou de alienação, como é o caso de viver uma relação intolerável de que não se pode libertar5. Tudo isto são experiências bem reais. Vêmo-las todos os dias. Não são inventadas.
O que a teologia fez, foi interpretar todos esses aspectos da vida humana e dar-lhes uma dimensão simbólica, adequada à compreensão e à cultura de uma época distante – mas que se afasta do sentido pleno da vida.
No sentido real, a definição de Céu e Inferno é a mesma: estar com Deus. Mas uns terão uma vida – ou, pelo menos, parte dela – cheia de sofrimento.
Quando a Bíblia fala do fogo infernal e se refere ao "lago de fogo e enxofre", aonde foi lançado, na visão apocalíptica de S. João, o diabo, a fera e o falso profeta, usa apenas uma linguagem simbólica. A Bíblia serve-se unicamente da ideia do fogo para lembrar uma transformação, um processo moral de crescimento e purificação do espírito por meio do sofrimento. Como vimos, é por meio de amplos e profundos contactos com as vítimas prejudicadas na existência anterior que a maior parte das pessoas aprende e liquida as dívidas.
As apresentações populares do Inferno, que ainda vemos nas obras dos artistas plásticos, são um apelo flagrante ao horror e à violência. São as histórias de horror de outros tempos. E as menos violentas são positivamente sádicas.
Este fogo não tem o carácter material das realidades físicas. É uma maneira de dizer, um artifício literário usado pelo que tem de pitoresco. Não pode ser entendido como um fogo real.
A dificuldade em compreender o que é realmente o Céu e o Inferno está no facto de terem sido figurados erradamente como "lugares" no espaço, ou como regiões físicas ou geográficas, situados no outro lado da morte. Nenhuma filosofia, nenhuma religião, poderá ser mais do que uma coisa superficial e sentimental se não tiver isto em conta.
E assim chegámos ao segundo ponto fulcral da questão: a suposta eternidade do sofrimento.
Os esclarecidos rosacruzes separam as crenças mais ou menos populares da realidade dos factos. E ensinam que o conceito da palavra eterno, sendo popular, como quando se diz que uma pessoa fala eternamente ao telefone, significa mais a qualidade da experiência que a sua duração. A perdição definitiva não faz sentido. Basta pensarmos que é "nEle que vivemos e temos o nosso ser". Deus não pode ser em parte salvador e em parte carrasco.
Hoje, quase ninguém ou, pelo menos, os mais prudentes, deseja pregar o Inferno no velho estilo, como um lugar de suplício para castigo de pecadores e hereges, como certas prisões que havia no passado para castigo dos malfeitores.
O que temos visto, e é motivo de contentamento, é que a sociedade multiplica esforços para recuperar deliquentes e que a clemência é cada vez mais visível e frequente, numa tentativa de evitar formas de retaliação. É um sinal de que a lei de Talião, de "olho por olho, dente por dente", começa a ser substituida pelo preceito "amai-vos uns aos outros". Até aos prisioneiros de guerra se exige aplicação de tratamento baseado no espírito de humanidade.
E, se os homens corrigem e melhoram as suas instituições penais, como se pode permanecer incensível e indiferente à ideia de haver condenados a arder "no fogo eterno", como se diz na teologia tradicional?
A ideia de que Deus cria alguém para condenação eterna – para não dizer até que se compraz nisso – é, em si mesma, condenável e blasfema.
Tendo em vista o perigo de interpretações erradas de citações bíblicas isoladas, o que é preciso é ler atentamente a mensagem total dos evangelhos. E assim ver-se-á que todas as referências ao Inferno não passam de ensinamentos que se relacionam com episódios do crescimento espiritual, cujo objectivo é a cristificação.
O que é certo, é que ninguém permanece nesse estado de sofrimento mais tempo do que é preciso para despertar a consciência para a verdade das coisas.
Bibliografia.
1. Max Heindel, Mistérios das Grandes Óperas, F.R.P., 1998, pág. 129.
2. Mat., 7,2; Mc. 4,24, Lc. 6, 37-38. Gál. 6, 8.
3. Max Heindel, Conceito Rosacruz do Cosmo, F.R.P., Lisboa, 1999, pág. 90.
4. Id., O Véu do Destino, Lisboa, F.R.P., 1996, págs 49-55.
5. Id., Id., pág. 52.
A Voz Silenciosa.
O Corpo Vital, também chamado corpo etéreo, por ser feito de éter, comanda todos os processos vitais do corpo físico e dá-nos a percepção sensorial; nele fica impresso, indelevelmente, tudo quanto pensamos e fazemos. Por isso, é no Corpo Vital que está o filme da nossa vida! É nele que está a memória inconsciente e aquela voz silenciosa que nos ajudará, ao longo das vidas, a ordenar as nossas acções com maior perfeição; ela surge-nos como reminiscência ou memória do que já fizemos em vidas passadas. É uma força que nos impede de agir mal e até nos repele na iminência de uma decisão nociva.
O Corpo de Desejos, também chamado Corpo Emocional, dá-nos, durante a vida, o estímulo emocional e todo o género de sensações; e, finda a vida, terminados os processos vitais e a respiração, recebe, por transferência do Corpo Vital, o panorama ou filme da vida que terminou. Essa transferência terá uma duração que pode ir de um momento até três dias e meio. Depende da extensão da vida e da maneira como ela foi vivida. Se a vida foi grosseira, levará mais tempo; se foi delicada levará menos. As crianças até cerca dos catorze anos passam no mesmo instante da morte para o estado celeste, pois ainda não são culpáveis pelas suas acções.
Este panorama da vida que terminou constitui a base do intenso trabalho que existe nos estádios chamados purgatorial e celeste. É deles que depende todo o nosso progresso na vida seguinte. Por este motivo convém que a transferência das imagens do filme, do Corpo Vital para o Corpo de Desejos, se faça com a maior perfeição. E essa perfeição depende do ambiente dominante no local onde se encontra o morto.
A morte é um sono como todos os outros; não há sofrimento. Mas, assim como junto de quem dorme se faz silêncio, para não lhe perturbar o sono, também a pessoa que morreu deve ser mantida na mais profunda quietude. Isto porque ao cerrar os seus olhos para a vida terrena o espírito começa a transcendente obra que consiste na transferência do filme a que nos referimos. E este trabalho só se pode fazer na perfeição havendo a mais absoluta tranquilidade.
Os dois corpos – o corpo de desejos e o vital – estão ligados ao corpo físico por um laço etéreo, que à visão espiritual parece de prata. É por isso que se lhe dá o nome de cordão prateado. A união entre os vários corpos desfaz-se quando termina o registo do filme da vida finda.
O momento em que deixamos de respirar assinala o que a ciência oficial considera "morte clínica". Porém, este processo só está concluído depois de terminar a contemplação do filme da vida que terminou; quer dizer, depois dos elementos que formam o cordão prateado perderem a sua coesão e se dissolverem, deixando o espírito inteiramente desligado do corpo físico. Nesse momento é que se dá a morte "real", pois entre o corpo e o espírito cessaram todas as relações. Pode-se então fazer a autópsia ou a cremação, precisamente por já não existir qualquer relação entre o espírito e o corpo. Os suicidas, esses ficarão ligados, intimamente, aos seus corpos (vital e de desejos) por todo o tempo que haviam de viver. E não podem recolher, por isso, o panorama da vida por eles interrompida!
Francisco Marques Rodrigues.
terça-feira, 29 de março de 2011
A despeito dos Bardos:
Minstrels perseverar em seu costume falsa,
cantigas imorais são seu prazer;
Vaidoso e louvor sabor recitam;
Falsidade em todas as vezes que eles absoluta
As pessoas inocentes eles ridicularizam
As mulheres casadas que destroem,
virgens inocentes de Maria se corrompem
Quando eles passam suas vidas na vaidade;
Pobres pessoas inocentes eles ridicularizam;
À noite, eles ficam bêbados, eles dormem o dia
Na ociosidade, sem trabalho que se alimentam
A Igreja que odeiam, e que freqüentam a taverna;
Com os ladrões e os companheiros perjured se associam;
Aos tribunais Indagam após festas
Toda palavra sem sentido se apresentar
Todo pecado mortal elogiam;
Cada curso vil de vida que levam;
Através de cada vila, cidade e país onde passeio
Quanto à queixa de morte eles não pensam;
Nem alojamento nem caridade que eles dão
Entregando-se a alimentos em excesso.
Salmos ou orações, eles não usam,
Dízimos ou ofertas a Deus eles não pagam,
Em feriados ou domingos eles não adoram;
Vigílias ou festivais que eles não atenderam.
Os pássaros voam, os peixes nadam,
As abelhas coletam mel, vermes se arrastam,
Cada travails coisa para obter seu alimento,
Exceto menestréis e preguiçosos ladrões inútil.
Eu ridicularizar nem música, nem cantoria,
Pois elas são dadas por Deus para iluminar o pensamento;
Mas aquele que abusa,
Para blasfemando Jesus e os seus serviços.
Taleasin.
A reprovação dos Bardos:
Se és um bardo completamente imbuídos
Com o gênio não seja controlada,
Não tenhas intratável
Dentro do tribunal de teu rei;
Até rigmarole teu ser conhecido,
Sê silencioso, Heinin,
Quanto ao nome do teu verso,
E o nome do teu vangloriar;
E quanto ao nome do teu avô
Antes de seu batismo.
E o nome do domínio,
E o nome do elemento,
E o nome da tua língua,
E o nome da tua região.
Arreda, bardos vos acima,
Arreda, bardos vos abaixo!
Meu amado está abaixo,
No cativeiro de Arianrod.
É certo que você não conhece
Como entender a canção eu digo,
Nem bem como discriminar
Entre a verdade e o que é falso;
Puny bardos, corvos do distrito,
Por que você não toma ao vôo?
Um bardo que não vai me calar,
O silêncio não pode ele obter,
Até que ele vai ser coberto
De acordo com cascalho e pedras;
Tal como devem me ouvir,
Que Deus possa ouvi-lo.
Taliesin.
Uma viagem que vou realizar,
E até o portão virei
O salão Eu vou entrar,
E minha canção Eu cantarei;
Meu discurso que pronunciará
Para bardos real silêncio.
Na presença de seu chefe,
Vou cumprimentar a ridicularizar,
Sobre eles eu quebrarei
E eu Elphin livre-arbítrio.
Se surgir contenção,
Na presença do príncipe,
Com a convocação para os bardos
Para o escoamento doce canção,
E 'lore posando assistentes
E a sabedoria dos Druidas.
Na corte dos filhos do distribuidor
Alguns são quem fez aparecer
Com a intenção de esquemas ardilosos,
Por e enganando os engenhos,
Em dores de aflição
Para mal dos inocentes,
Que os tolos ser silenciosa,
- Como antigamente na luta de Badon, -
Com Arthur de os liberais
A cabeça, com longas lâminas vermelhas
Através de feitos de homens irritável,
E um chefe com seus inimigos.
Ai eles, os tolos,
When revenge comes on them. Quando vem a vingança sobre eles.
Eu Taliesin, chefe dos bardos,
Com sapiente de um Druid palavras,
definir o tipo Elphin livre
Para o seu grito e caiu de refrigeração,
Com o ato de um cavalo surpreendente,
Desde o longínquo norte distante,
Há logo terá fim.
Deixe nem graça, nem a saúde
Seja para Maelgwn Gwynedd,
Para esta força e esta erradas
E se os extremos dos males
E um fim vingado
Para Rhun e toda sua raça:
Curta a sua trajetória de vida,
Tenha todas as suas terras devastadas
E exílio Iona ser atribuído
! Para Maelgwn Gwynned!
Taliesin.
Um Poema para o Vento.
Adivinha quem é.
Criado antes do Dilúvio.
Uma criatura forte,
sem carne, sem osso,
sem veias, sem sangue,
sem cabeça e sem pés.
Não será mais, não vai ser mais jovens,
do que era no início.
Não virão de seu projeto
o medo ou a morte.
Ele não tem quer
das criaturas.
aclara o mar
quando se trata do começo.
Sua grande beleza,
o que fez.
Ele em campo, ele na madeira,
sem mãos e sem pés.
Sem idade, sem idade.
Sem o destino mais ciumentos,
e ele é contemporâneo
com os cinco períodos de cinco séculos.
E também é mais velho,
embora haja 500 mil anos.
E ele é tão grande
como a face da terra,
e ele não nasceu,
e ele não foi visto.
Ele no mar, ele na terra,
ele não vê, ele não é visto.
Ele não é sincero,
ele não vem quando é desejado.
Ele na terra, ele no mar,
ele é indispensável,
Ele não está confinado,
ele é desigual.
Ele de quatro regiões,
ele não estará de acordo com o advogado.
Ele começa sua jornada
de cima da pedra de mármore.
Ele é alto de voz, ele é mudo.
Ele é descorteses.
Ele é veemente, ele é corajoso,
quando olhares sobre a terra.
Ele é mudo, ele é alto de voz.
Ele é impetuoso.
sobre a face da terra.
Ele é bom, ele é ruim,
ele não é brilhante,
ele não se manifesta,
para a vista não vê-lo.
Ele é mau, ele é bom.
Ele está lá, ele está aqui,
ele vai desordem.
Ele não vai reparar o que ele faz
e estar sem pecado.
Ele está molhado, ele é seco,
ele vem com freqüência
a partir do calor do sol e o frio da lua.
Taliesin.
Poema.
Que voz vem no som das ondas
que não é a voz do mar?
E a voz de alguém que nos fala,
mas que, se escutarmos, cala,
por ter havido escutar.
E só se, meio dormindo,
sem saber de ouvir ouvimos
que ela nos diz a esperança
a que, como uma criança
dormente, a dormir sorrimos.
São ilhas afortunadas
são terras sem ter lugar,
onde o Rei mora esperando.
Mas, se vamos despertando
cala a voz, e há só o mar.
Fernando Pessoa.
Taliesin.
“Bom Elffin, cesse o seu lamento!
Falar em vão não faz bem a ninguém.
Não faz mal ter esperanças,
Nem nenhum homem vê o que lhe suporta,
A prece de Cynllo não é um tesouro vazio,
Nem Deus quebra suas promessas.
Nenhuma pescaria na rede de Gwyddno
Foi tão boa quanto a de hoje.
Bom Elffin, seque suas bochechas!
Tal tristeza não lhe faz bem,
Apesar de se sentir traído,
Tristeza em excesso não traz bem algum,
Muito menos duvidar dos milagres de Deus.
Apesar de ser pequeno, sou habilidoso.
Do mar e da montanha,
Das profundezas do rio,
Deus dá seus dons aos abençoados.
Elffin do espírito generoso,
Seu propósito é covarde,
Não deves ficar tão triste.
Bons agouros são melhores que maus.
Apesar de ser fraco e pequeno,
Nas ondas do mar revolto,
Serei melhor para você
Que trezentas cargas de salmão.
Elffin de nobre generosidade,
Não entristeça ante seu pescado.
Apesar de ser fraco no fundo da cesta,
Há maravilhas na minha língua.
Equanto eu estiver cuidando de você,
Nenhuma grande necessidade há de ter.
Lembre-se do nome da Trindade
E nada te vencerá.”
“Flutuando como um barco nas águas,
Fui jogado numa bolsa escura,
E num mar infinito, fiquei à deriva.
Logo quando estava sufocando, tive um bom agouro,
E o mestre dos céus me libertou.”
Taliesin .
Taliesin (c. 534 – c. 599) é o poeta mais antigo da língua galesa cujo trabalho sobrevive. Seu nome é associado ao Livro de Taliesin, um livro de poemas escrito na Idade Média (John Gwenogvryn Evans datou o livro de 1275). A maioria dos poemas é relativamente recente (aproximadamente dos séculos X e XII), mas alguns são mais antigos. Onze deles, de acordo com Ifor Williams, são do século VI. Acredita-se que Taliesin foi um bardo que cantava nas cortes de ao menos três reis celtas britânicos da era. Na lenda e na poesia galesa medieval, refere-se a ele como Taliesin Ben Beirdd ("Taliesin, Chefe dos Bardos"). Algumas "marcas" que (acredita-se) eram dadas aos melhores poemas - ou que mediam seu valor - estão presentes na margem do livro de Taliesin. A vida do Taliesin mitológico pode ser encontrada em diversas versões escritas após seu tempo, a mais antiga sendo de Elis Gruffydd (em meados do século XVI), que se baseou em contos orais sobre ele.
Biografia.
Pouco se sabe, além do que se pode captar dos poemas históricos, sobre a sua vida. Os poemas sobre ele indicam que tornou-se o bardo da corte do rei Brochwel Ysgithrog de Powys por volta de 555 e permaneceu lá durante os reinados de seus sucessores Cnan Garwyn, Urien de Rheged e Owain mab Urien. A idéia de que foi bardo na corte do rei Arthur vem aproximadamente do século XI e foi elaborada na poesia moderna. De qualquer modo, a carreira do Taliesin histórico pode ter acontecido na última metade do século VI, enquanto historiadores que discutem a existência de Arthur datam sua vitória em Mons Badonicus do ano 500; Cambriae diz que sua morte ou desaparecimento na batalha de Camlann foi no ano 532, apenas alguns anos antes da data de 542 encontrada no livro Historia Regum Britanniae (História dos Reis Britânicos), onde primeiro se ouviu falar do rei Arthur.
De acordo com os contos registrados apenas no século XVI, Taliesin era o filho adotivo de Elffin ap Gwyddno, que lhe deu o nome de Taliesin (significando "testa radiante") e que tornou-se depois rei em Ceredigion. A lenda diz que ele então foi criado na corte em Aberdyfi e que aos 13 anos, ao visitar o rei Maelgwn Gwynedd, tio de Elffin, profetizou corretamente a iminência da morte de Maelgwn e como ocorreria.
Bedd Taliesin, um túmulo da Idade do Bronze no topo de uma montanha em Ceredigion é um suposto local de seu túmulo. A vila de Tre-Taliesin, localizada no sopé da montanha, recebeu seu nome em homenagem ao bardo no século XIX.
Nascimento.
De acordo com a versão mitológica do nascimento de Taliesin, ele começou a vida como um garoto chamado Gwion Bach, um servo da feiticeira Ceridwen. Ceridwen tinha uma bela filha e um filho horrível chamado Morfran (às vezes Avagddu), cuja aparência não poderia ser curada nem por magia. Sendo assim, ela resolveu dar-lhe o dom da sabedoria em compensação. Usando um caldeirão mágico, Ceridwen cozinhou, por um ano e um dia, uma poção que daria inspiração e sabedoria. Um homem cego chamado Morda mantinha o fogo sob o caldeirão enquanto Gwion mexia o conteúdo. As três primeiras gotas do líquido davam sabedoria; o resto era um veneno letal.
Três gotinhas quentes espirraram no polegar de Gwion enquanto ele mexia, queimando-o. Instintivamente, o menino levou o dedo à boca e instantaneamente ganhou grande conhecimento e sabedoria. O primeiro pensamento que lhe ocorreu foi que Ceridwen iria ficar muito brava por aquilo. Com medo, ele fugiu, mas logo ouviu da fúria da mulher e o som de sua perseguição.
Enquanto Ceridwen perseguia Gwion, ele se transformou numa lebre. Em resposta, ela virou uma raposa. Ele então virou um peixe e pulou num rio e ela transformou-se numa lontra. Ele se tranformou em um pássaro e ela, em resposta, em um falcão. Finalmente, ele se transformou em um mero grão de milho. Ceridwen virou uma galinha, comeu-o e, ao voltar a sua forma humana, ficou grávida. Resolveu matar a criança assim que nascesse, sabendo que era Gwion, mas o bebê era tão lindo que ela não conseguiu cumprir o que queria. Ao invés disso, jogou-o no mar envolto numa espécie de bolsa de couro. A criança não morreu e foi resgatada por um rei.
A história de Gwion e da poção da sabedoria se parece muito com o conto irlandês de Fionn mac Cumhail e o salmão da sabedoria, indicando que ambas histórias possam ter a mesma fonte.
Achado por Elffin.
O bebê foi encontrado por Elffin, o filho de Gwyddno Garanhir, "Senhor de Ceredigion", que achou a criança enquanto pescava salmão. Ficou surpreso com a brancura da testa do menino e exclamou "Dyma dal iesin" ("Que testa radiante"). Taliesin respondeu, "Sim, isso será suficiente". Enquanto Elffin carregava o bebê numa cesta para dar ao seu pai, lamentando seu destino de achar um bebê mas nenhum salmão, Taliesin começou a recitar uma bela poesia que dizia:
"Bom Elffin, cesse o seu lamento!
Falar em vão não faz bem a ninguém.
Não faz mal ter esperanças,
Nem nenhum homem vê o que lhe suporta,
A prece de Cynllo não é um tesouro vazio,
Nem Deus quebra suas promessas.
Nenhuma pescaria na rede de Gwyddno
Foi tão boa quanto a de hoje.
Bom Elffin, seque suas bochechas!
Tal tristeza não lhe faz bem,
Apesar de se sentir traído,
Tristeza em excesso não traz bem algum,
Muito menos duvidar dos milagres de Deus.
Apesar de ser pequeno, sou habilidoso.
Do mar e da montanha,
Das profundezas do rio,
Deus dá seus dons aos abençoados.
Elffin do espírito generoso,
Seu propósito é covarde,
Não deves ficar tão triste.
Bons agouros são melhores que maus.
Apesar de ser fraco e pequeno,
Nas ondas do mar revolto,
Serei melhor para você
Que trezentas cargas de salmão.
Elffin de nobre generosidade,
Não entristeça ante seu pescado.
Apesar de ser fraco no fundo da cesta,
Há maravilhas na minha língua.
Enquanto eu estiver cuidando de você,
Nenhuma grande necessidade há de ter.
Lembre-se do nome da Trindade
E nada te vencerá."
Maravilhado, Elffin perguntou como um bebê poderia falar. Novamente, Taliesin respondeu com uma poesia, recontando a perseguição de Ceridwen. Acabando, ele disse:
"Flutuando como um barco nas águas,
Fui jogado numa bolsa escura,
E num mar infinito, fiquei à deriva.
Logo quando estava sufocando, tive um bom agouro,
E o mestre dos céus me libertou."
Na corte de Maelgwn Gwynedd.
Alguns anos depois, quando Taliesin tinha treze anos, Elffin estava preso na corte do rei Maelgwn Gwynedd, que exigiu que Elffin elogiasse e adorasse a ele e a sua corte. Elffin se recusou dizendo que Taliesin era melhor que seus bardos e que sua mulher era mais bonita. Apesar de não estar presente, Taliesin sabia o que estava acontecendo (porque tinha a visão) e contou tudo à mulher de Elffin, para que se preparassem. O filho de Maelgwn, Rhun, foi até a casa de Elffin a fim de seduzir sua mulher e provar que as alegações do outro eram falsas.
Rhun a embebedou e, quando ela desmaiou, tentou tirar seu anel de casamento para provar sua infidelidade. Ao ver que o anel não saía, ele cortou-lhe o dedo. Quando o rei Maelgwn tentou mostrar o dedo a Elffin, o último justificou que sua mulher cortava as unhas mais curtas que a daquele dedo. Além disso, a unha estava suja com massa de pão, mas sua mulher sempre tivera servos para lhe preparar a massa. Ainda mais, o anel de sua mulher ficava folgado no dedo, mas aquele estava apertado.
Maelgwn então mandou Taliesin ir à sua corte para provar que era o melhor bardo. Taliesin respondeu com um desafio onde ele e o bardo do rei teriam de compor um épico em apenas vinte minutos. Nenhum dos bardos da corte conseguiu, mas quando chegou a hora de Taliesin recitar sua obra, ele fez um vento forte sacudir o castelo. Com medo, Maelgwn mandou trazerem Elffin. A canção que Taliesin cantou fez as correntes de Elffin se desprenderem.F.P.Wikepédia.
domingo, 27 de março de 2011
ÁMEN - Um Mantra Cristão.
O poder da música para produzir emoções (individuais ou colectivas) ou para tornar as pessoas emocionalmente iguais durante algum tempo tem sido útil nas organizações religiosas e militares. De todas as artes, a música é a mais própria para agir sobre a inteligência.
O som (ou música) é um poder físico e não apenas emocional, intelectual ou espiritual. O corpo reage directamente a certas ressonâncias, timbres e ritmos, factos bem conhecidos desde o alvor da civilização.
O mantra é uma palavra ainda muito usada nas cerimónias religiosas do Oriente. É uma fórmula de encantamento, de valor mágico, constituída por sílabas ou palavras místicas, que representam a raiz de uma concepção mágica de elevação ou de uma concepção cósmica. Esta fórmula é uma "Palavra de Poder" que também é usada no Ocidente e no cristianismo. Pode ser dita ou simplesmente pensada, forma que é considerada mais perfeita. Um dos mantras mais conhecidos é AUM ou OM. Usa-se na frase Aum, Mani Padme, Hum, como expressão laudatória ou glorificadora. As sílabas-chaves são Aum e Hum.
No Ocidente, os "pagãos" também usavam mantras, como sabemos, nas suas palavras de júbilo, durante certas cerimónias rituais. Como palavra de poder associadas à aplicação mágica dos sons e tons (música), o seu uso é frequente nas obras alquímicas ou herméticas. Também está associado à ortodoxia hebraica e cristã. Baseia-se numa teoria desenvolvida em todo o mundo, em íntima consonância com o uso da música e dos tons harmónicos capazes de alterar a consciência e o conceito amplo de um Verbo original e criador, isto é, com a origem espiritual de toda a existência. Note-se que a palavra "espírito" encerra a ideia de "sopro" ou "respiração"1, algo como um fluxo misterioso de energia proveniente do além.
Mantras Muçulmanos e Budistas.
A universalidade dos mantras permite encontrá-los em diversas regiões do mundo. Os muçulmanos têm o Dhikr palavra árabe que significa "recordar" ou "invocar". O dhikr consiste normalmente na palavra El ou na frase Lâ ‘ilâh’ illâh-Llâh (Não há Deus senão Alá) A recitação desta frase é por vezes acompanhada de penitências (flagelação, exercícios respiratórios, etc.) que levam ao êxtase.
O dhikr islâmico corresponde ao nembutsu do budismo, à contemplação dos nomes divinos pelos cabalistas e à oração-do-coração. Esta oração é usada no misticismo cristão-bizantino, que tomou forma no Monte Atos, sendo uma espécie de ponte entre as técnicas espirituais do Oriente e as do Ocidente. Esta oração, também se chama "meditação secreta". Consiste na invocação do "Nome-de-Jesus", repetindo-o constantemente "dentro do coração", segundo um processo que parece não ter sido transmitido pela igreja latina. Tem por base o princípio de que, na ausência física, a invocação do nome torna a pessoa espiritualmente presente, com todo o seu poder. É por isso que os apóstolos agiam em nome de Cristo
Mantras Cristãos.
O cristianismo também usa vários mantras. Por exemplo: AMÉN, ALELUIA, HOSANA ou KYRIE ELEISON. Se estas palavras fossem traduzidas perderiam todo o valor. Foi por isso que os tradutores as mantiveram inalteradas, sendo esta a primeira regra para as utilizar com êxito. Mais adiante faremos referência à segunda. O mais importante destes mantras é o primeiro: amén. Alguns estudiosos admitem uma até uma relação de parentesco entre as palavras aum e amén.
Efeito dos Mantras.
O uso dos mantras baseia-se no efeito do som sobre a matéria. A matéria (e o nosso corpo físico) está num estado de vibração contínua. Qualquer pensamento, desejo ou som altera as vibrações básicas do corpo. O mantra actua, portanto, segundo as leis da ressonância. Existem vários métodos para combinar sons vocais, padrões instrumentais e harmónicos com a teoria da "palavra de poder". O mais antigo conceito de "palavra de poder" (ou "palavra perdida) está associado com o "centro da laringe", à emissão do som criador e à sua acção organizadora (talvez ainda alguém se lembre das "figuras sonoras" usadas para despertar a atenção dos alunos: grãos de areia e partículas de pó derramado numa placa de vidro assumem formas simétricas muito bonitas quando o bordo da placa é tangido por um arco de violino). Na palavra amén há duas vogais orais: "a" e "e". A passagem de "a" a "e" é uma consoante nasal, "m". A terminação é também uma nasal, "n". A técnica consiste em concluir a ressonância da letra "a" com o zumbido murmurante final da letra "n". Esta letra "empurra" o som para cima, até ao nariz, produzindo efectivamente uma ressonância no interior das narinas, nas cavidades nasais superiores e na região limítrofe. É a região indicada como o "assento do espírito interno" ou "centro de energia da testa". Está directamente ligada ao corpo vital, que é sensibilizado pela oração e o ponto de partida do desenvolvimento espiritual, A ressonância física da letra "n" é o prenúncio do despertar desse centro de energia porque ajuda os veículos internos a organizarem-se.
O efeito físico dos mantras aum e amén é bem diferente. O primeiro faz vibrar a região do ventre e do púbis. O segundo, pelo contrário, faz vibrar a cabeça, a garganta e o tórax. Segundo a maneira de pensar e sentir do asiático, o centro da vida humana está no ventre. Bem pelo contrário, no Ocidente, o homem vive "graças à sua cabeça"2. Este exemplo alerta claramente para a inconveniência de os ocientais usarem métodos desenvolvidos no Oriente3.
Cabe ainda referir a segunda condição para a eficácia do mantra: a maneira correcta de o dizer, em estado de "consciência mântrica"4. Handel dá-nos uma lição sobre a arte de pronunciar tão importante mantra como é o amén, na sua oratória O Messias. É onde encontramos uma das suas ex-pressões mais poderosas. E se quisermos outro exemplo poderemos recorrer ao rosacruciano Bach e à sua Missa em Si menor para ouvirmos (e sentirmos) o tremendo efeito do Hosana.
Há Palavras e Palavras.
Muito mais do que uma vulgar palavra, sinal de pontuação ou fórmula de conclusão5 o amén é, na concepção esotérica, uma palavra de poder equilibrado, um mantra que ajuda a despertar o fogo interior e a abrir os centro de força que nos colocam em sintonia com mundos mais elevados.
Bibliografia.
Berendit, Joachim-Ernst - The World is Sound, 1991; Cuttat, J. A. - O Encontro das Religiões, 1968; Goldman, Jonatham - Healing Sounds, The Power of Harmonics, 1992; Stewart, R. J. - Music and the Elemental Psych, 1987; Vasconcelos, Evaristo de - Do Mantra Oriental à "Oração-de-Jesus", in "Brotéria", nº 5-6, vol. 136 (1993).
Os Ventos.
Parti com os ventos
Pelas rotas do mundo,
Em busca de encantos
Dos longes sem fim...
Que das brumas chamam
Que das névoas nascem...
Voei com os ventos,
Entrei pelas brumas
Deixando, sem mágoa,
Precisos contornos,
Arestas cortantes
Das físicas coisas...
Nas brumas, nas névoas
Que os encantos fazem
Pelos longes sem fim,
Encontrei meu sonho
Brilhando e vivendo,
Dizendo meu nome,
Chamando por mim...
Os ventos sabiam
Onde o encontrar
E, sem eu pedir,
Para lá me levaram
Por névoas e brumas,
Como por encanto
Como por amar...
Fiquei com meu sonho
Lá longe, nos longes
Que não têm fim...
Os ventos nos guardam
Nos trazem encantos...
Porque amam meu sonho,
São parte de mim...
Maria Ana Tavares.
Pelas rotas do mundo,
Em busca de encantos
Dos longes sem fim...
Que das brumas chamam
Que das névoas nascem...
Voei com os ventos,
Entrei pelas brumas
Deixando, sem mágoa,
Precisos contornos,
Arestas cortantes
Das físicas coisas...
Nas brumas, nas névoas
Que os encantos fazem
Pelos longes sem fim,
Encontrei meu sonho
Brilhando e vivendo,
Dizendo meu nome,
Chamando por mim...
Os ventos sabiam
Onde o encontrar
E, sem eu pedir,
Para lá me levaram
Por névoas e brumas,
Como por encanto
Como por amar...
Fiquei com meu sonho
Lá longe, nos longes
Que não têm fim...
Os ventos nos guardam
Nos trazem encantos...
Porque amam meu sonho,
São parte de mim...
Maria Ana Tavares.
Os Ventos.
Parti com os ventos
Pelas rotas do mundo,
Em busca de encantos
Dos longes sem fim...
Que das brumas chamam
Que das névoas nascem...
Voei com os ventos,
Entrei pelas brumas
Deixando, sem mágoa,
Precisos contornos,
Arestas cortantes
Das físicas coisas...
Nas brumas, nas névoas
Que os encantos fazem
Pelos longes sem fim,
Encontrei meu sonho
Brilhando e vivendo,
Dizendo meu nome,
Chamando por mim...
Os ventos sabiam
Onde o encontrar
E, sem eu pedir,
Para lá me levaram
Por névoas e brumas,
Como por encanto
Como por amar...
Fiquei com meu sonho
Lá longe, nos longes
Que não têm fim...
Os ventos nos guardam
Nos trazem encantos...
Porque amam meu sonho,
São parte de mim...
Maria Ana Tavares.
Pelas rotas do mundo,
Em busca de encantos
Dos longes sem fim...
Que das brumas chamam
Que das névoas nascem...
Voei com os ventos,
Entrei pelas brumas
Deixando, sem mágoa,
Precisos contornos,
Arestas cortantes
Das físicas coisas...
Nas brumas, nas névoas
Que os encantos fazem
Pelos longes sem fim,
Encontrei meu sonho
Brilhando e vivendo,
Dizendo meu nome,
Chamando por mim...
Os ventos sabiam
Onde o encontrar
E, sem eu pedir,
Para lá me levaram
Por névoas e brumas,
Como por encanto
Como por amar...
Fiquei com meu sonho
Lá longe, nos longes
Que não têm fim...
Os ventos nos guardam
Nos trazem encantos...
Porque amam meu sonho,
São parte de mim...
Maria Ana Tavares.
sábado, 26 de março de 2011
A partida do filho do sol.
De onde vens, peregrino errante?
Em teus olhos luminosos trazes o brilho de Anar,
A noite primeva teu espírito sincero desdenha,
Para o Oeste distante tua face sempre se volta, temerosa,
De onde vens, peregrino errante?
Que trazes consigo, arauto da luz?
Em teu rosto sofrido refletem-se batalhas vencidas,
Pela morte honrosa teu coração destemido anseia,
Para a luz ancestral tua face sempre se volta, ansiosa,
Que trazes consigo, arauto da luz?
Que pretendes fazer, filho mais novo?
Em teus braços cansados carregas o peso dos anos,
A lida brutal tua vida sofrida vergou,
Para os braços de Eru teu ser agora caminha, confiante,
Que pretendes fazer, Filho mais novo?
Para onde vais então, filho do Sol?
Em tua tez serena refletes o brilho de Arien,
O descanso merecido teu ser solitário deseja,
Para o horizonte distante teus braços se estendem, confiantes,
Para onde vais então, filho do sol?
A Maldição dos Elfos-Profundos.
Sangue foi derramado
Em Aman a bela terra
os Noldor inflamados
Macularam-na com as tristezas da guerra
Os lindar injustiçados
ajuda recusaram
e por amigos assassinados
a morte encontraram
Pelo sangue derramado
que brancas espumas manchou
Pelo som das ondas abafado
A maldição se formou
" - Por roubar seus barcos
por matar seus irmãos
morte por espada ou arcos
traição e dor encontrarão."
"- Dos Valar não esperem compaixão
nem auxílio ou piedade
como Exilados que agora são
nunca terão felicidade."
E assim os Noldor rebelados
ouviram em Araman sua condenação
até o fim do mundo exilados
estariam sujeitos à Maldição.
Em Aman a bela terra
os Noldor inflamados
Macularam-na com as tristezas da guerra
Os lindar injustiçados
ajuda recusaram
e por amigos assassinados
a morte encontraram
Pelo sangue derramado
que brancas espumas manchou
Pelo som das ondas abafado
A maldição se formou
" - Por roubar seus barcos
por matar seus irmãos
morte por espada ou arcos
traição e dor encontrarão."
"- Dos Valar não esperem compaixão
nem auxílio ou piedade
como Exilados que agora são
nunca terão felicidade."
E assim os Noldor rebelados
ouviram em Araman sua condenação
até o fim do mundo exilados
estariam sujeitos à Maldição.
A Maldição de Turambar.
Tive uma vida amaldiçoada,
Sou de uma casa sem sorte.
Na zuna o fio da espada,
Inflingindo a outros a morte.
Aqueles a quem tanto amei,
Fins trágicos logo encontraram.
Fugi do julgamento de um rei,
De pessoas que muito me amaram.
Na fria escuridão da noite
A loucura andara comigo,
Tão súbito quanto um açoite
Tirei a vida de um amigo.
Compaixão de outro encontrei,
Mas o atingiu minha escuridão;
Sem querer eu me apaixonei
Pela dona de seu coração.
Pela minha inconseqüência eu sei
Que o forte oculto caiu,
A amada, o amigo e o rei
Jaziam agora em chão frio.
Vivi na floresta então,
O mistério em pessoa me desposou,
Acabei por matar o dragão
Que a verdade do sangue revelou.
Minha amada e irmã se matou,
E o líder dos homens matei.
Metal negro que tanto lutou
Com você eu me matarei.
Por último meus genitores
De mãos dadas encontram seu fim,
E do mundo se foram as dores
Da valorosa família de Húrin.
À espera do tempo.
Vem agora o momento do adeus
Aquele em que não mais terei-o
não sei por mais quanto tempo.
A aurora que se afigura perde a beleza
As estrelas perderam o seu brilho
não sei por mais quanto tempo.
Triste hora aquela em que o Pequeno chegou
já que sua nobreza o levou pelo Caminho
não sei por mais quanto tempo.
Cada segundo chega a durar uma estação
Cada palavra vã chega a durar um triênio
não sei por mais quanto tempo.
Mas haverá o momento em que a luz brilhará
pois não há quem eternamente viva na tristeza
O amor é uma luz que não deixa escurecer a vida.
sexta-feira, 25 de março de 2011
A Profecia de Morrigan.
Ao final da épica batalha com Fomorianos segue uma cena não menos espetacular de Morrigan e sua irmã Badb correndo juntas para proclamar aos quatro cantos a vitória dos Tuatha Dé Danann, gritando para tanto do cume das montanhas mais altas da Irlanda.
Voltando a Tara (capital do reino dos Tuatha Dé Danann) Badb como uma menestrel improvisada , fortemente tão emocionada quanto inspirada pela importância daquele momento na vida de todos dananianos , cantou uma canção que assim começava e cujo o resto da letra se perdeu na poeira da história :
Paz sobe aos céus,
Os céus descem a terra,
Terra mora sob os céus,
Todos são fortes...
Morrigan permanecia quieta ouvindo a bela canção de sua irmã, porém, enquanto todos eram só sorrisos transparecia um ar sombrio estampado na sua face que aos poucos atraiu atenção de todos ao ponto de cessarem suas celebrações para ver o que acontecia ali.
Voltou a reinar um silêncio sepulcral entre os danianos , sem que ninguém tivesse coragem de perguntar a Morrigan o que acontecia, quando sem aviso prévio a Grande Rainha em olhos marejados e voz embargada anunciou que teve uma visão sobre o que reservava o futuro para os Tuatha Dé Danann.
Na profecia Morrigan via o fim iminente da Era Divina dos Tuatha Dé Danann e o inicio de um tempo de miséria sem fim com mulheres sem pudor, homens sem força, velhos sem a sabedoria da idade e jovens sem respeito pelas tradições. Um era de injustiça, líderes cruéis, traição e sem nenhuma virtude! Um tempo onde haveria árvores sem frutos e mares sem peixes onde a Mãe Natureza só ofertaria um maná de veneno como alimento aos seres vivos ! Esta era a chegada da Era dos Homens, do nosso mundo.
Uma Vampira Chamada Morrigan.
Morrigan vem de "Mór Ríogain" e significa "Grande Rainha" em gaélico. Porém, num manuscrito datado do ano de 876 para a Vulgata de autor desconhecido surge sem maiores motivos aparentes o nome de Morrigan como sendo a a expressão de "Rainha Fantasma" ou "Rainha dos Mortos-Vivos".
Nota-se que a partir daí também a deusa Morrigan assumiu a características mais que tipicamente vampirescas na qualidade de "Rainha Fantasma" ou "Rainha dos Mortos-Vivos", só que ao contrário do famoso "Drácula" dos tempos modernos que virava morcego tinha ela o poder de se transformar em um lobo ou corvo antes de atacar suas vítimas . Seria a versão céltica do mito do vampiro?
Para o reforço desta imagem deve ser lembrado que Morrigan é descrita como uma mulher cheia de cicatrizes e ferimentos mal-curados , bem como sempre coberta de sangue e lama o que faz ela presumivelmente ter um cheiro pra lá de ruim!Aliás, um de seus epítetos de Morrigan é "corvo de batalha" e é bem sabido que esta é uma ave carniceira que se alimenta principalmente de corpos em decomposição. De novo invarialmente tal situação invoca no fundo da mente a criação de uma imagem arquetipica de repulsão e nojo.
E o que dizer do estado sombrio de espírito que ficou Morrigan a partir de seu amor não correspondido por Cuchulainn?Oras, ela foi para sua morada na eternidade amarrando uma dor de cotovelo sem-fim e cheia de ressentimento em seu coração, abandonando-o ocasionalmente para vagar como uma alma penada entre os reles mortais em busca de amantes cativos de sua vontade!
Assim, imagine tudo isto em um "conjunto harmônico" e veremos que se bem Morrigan não tenha presas, não tema luz solar e tudo mais esperado em um vampiro clássico , nem de longe pode ser negado de que não exista algo de bem sombrio e "vampiresco" em um sentido lato na personalidade desta deusa.
A questão é apenas "´abstrair" de imagens pré-concebidas a respeito do mito do vampiro e buscar ver nele o que há de essencial, isto é, um ser destituído de sua Alma Imortal que vaga existindo neste mundo como se um morto fosse e invejoso do destino "normal" dos restante dos mortais (sobretudo amor correspondido)
Morrigan, a Grande Rainha.
maginem uma mulher extremamente alta, cabelos castanhos escuros longos até a cintura que serviam como uma espécie de ´´capa´´ sobre os ombros, olhos penetrantes tão negros como a noite, pele branca quase translúcida e corpo de músculos bem delineados que não deixavam de revelar encantos femininos sem par e fazer qualquer um pensar nos prazeres carnais que ela poderia oferecer.
Agora não se deixem enganar por sua bela aparência, pois detrás delas há uma guerreira implacável, caçadora das mais hábeis, mestra no manuseio de qualquer arma e invencível no combate por sua força descomunal e invulnerabilidade.
Aliás, em qualquer batalha, seja entre deuses ou mortais, lá estava ela liderando tropas com um grito de guerra tão alto quanto o de dez mil homens e plenamente armada até os dentes onde se destacava em sua indumentária de combate as duas lanças da mais pura prata que carregava nas mãos (quando lançadas capazes de partir ao meio o avanço de um exército inimigo e destroçar em pedaços quem estivesse mais próximo).
Ela também tinha poderes mágicos como o de cegar os inimigos jogando sobre o campo de batalha uma névoa penetrante bem como também dotada do dom de mudar sua forma humana para de um corvo carniceiro, lobo ou mesmo de uma anciã de aparência bem inocente. Conhecendo bem tanto o poder curativo das ervas e raízes quanto a maneira de usa-las como um veneno mortal.
Esta em poucas palavras é a descrição de Morrigan, cujo o nome em gaélico significa "Grande Rainha", deusa celta da guerra. Ao seu lado, seguindo-a para todo lado como um séquito de uma rainha, haviam as suas não menos importantes irmãs: Fea (chamada de "a Odiosa"), Nemon (conhecida também popularmente como "a Venenosa") , Badh (atendendendo pelo apelido sugestivo de "a Fúria") e Macha.
Nemon e Fea eram ambas esposas do famoso Nuada da Mão de Prata, um dos reis dos Tuatha Dé Danann (Povo da Deusa Danu) que em combate com Sreng dos Fir Bolgs (antigos habitantes da Irlanda e tribo aliada dos Fomorianos) teve a mão decepada e depois substituida por uma mão de prata feita através das incriveis habilidades de Diancecht (deus gaélico da medicina)até ser restituida por Miach e Airmid (filhos de Diancecht) Em poder se comparavam juntas a força de Morrigan.
Macha regia os pilares nos quais eram empaladas as cabeças dos guerreiros mortos em combate para qual eram feitos pelos celtas o culto da cabeça na idéia de ser assim capaz de capturar o espírito dos inimigos. Diziam que Macha vivia a cantar nos campos de batalha, com uma voz bela e magnética que tinha o poder de enfeitiçar os inimigos e leva-los a loucura ao ponto de cometerem o suicidio
Por sua vez, Badh vinha com suas irmãs para animar os combatentes dos quais estavam ao seu lado na batalha para assim inspira-los a ficarem cada vez mais ferozes , afastando o medo da morte do coração e o receio da derrota. Era individualmente a irmã mais próxima no contato com Morrigan, atuando como sua conselheira e confidente.
Curiosamente a Grande Rainha , sempre vitoriosa no combate, acabou pelo amor não correspondido de Cuchulainn (uma espécie de semi-deus e herói celta ao estilo de Hércules dos gregos) sendo atingida de uma forma mais dolorosa do que em qualquer ferimento obtido em batalha. Assim, ironicamente, o Amor foi a arma que finalmente derrotou a invencível Morrigan!F.P.Wikepédia.
Morrígan.
Morrígan ("Terror" ou "Rainha Fantasma"), também escrita Mórrígan ("Grande Rainha") (aka Morrígu, Mórríghean, Mór-Ríogain) é uma figura da mitologia irlandesa (céltica) que aparenta ser uma divindade, embora não seja referida como "deusa" nos textos antigos.
Representado comumente como uma figura terrível, nas glosas dos manuscritos medievais irlandeses como uma equivalente a Alecto - uma das Fúrias na mitologia grega - de fato, um dos textos refere-se a Lamia como "um monstro de formas femininas, i. e., uma Morrigan" - ou ainda como o demônio hebreu Lilith.
Associada com a guerra e a morte no campo de batalha, algumas vezes é anunciada com a visão de um corvo sobre carcaças, premonição de destruição ou mesmo com vacas. Considerada uma divindade da guerra, comparável às Valquírias da mitologia germânica, embora sua associação com o gado bovino permita também uma ligação com a fertilidade e o campo.
É com freqüência vista como uma divindade trinitária, embora as associações desta tríade variem: a mais freqüente dá-se de Morrígan com Badb e com Macha - embora algumas vezes incluem-se Nemain, Fea, Anann e outras.
As mais antigas narrativas de Morrígan estão nas histórias do "Ciclo do Ulster", onde ela tem uma relação ambígua com o herói Cúchulainn. No Táin Bó Regamna (Invasão do gado em Regamain), ele a desafia, sem compreender o quê ela é, quando ela guia uma novilha por seu território, tornando-se seu inimigo. Ela profere uma série de ameaças, predizendo finalmente uma batalha próxima onde ele será morto. Ela diz, enigmaticamente: "Eu vigio sua morte".
No Táin Bó Cuailnge a Rainha Medb de Connacht comanda uma invasão ao Ulster para roubar o touro Donn Cuailnge. Morrígan surge ao touro na forma de um corvo, e o previne para fugir. Cúchulainn defende o Ulster, travando no vau dum rio uma série de combates contra os campeões de Medb. Entre os combates, Morrígan lhe surge, com aparência de uma bela moça, oferecendo-lhe seu amor e auxílio na batalha - mas ele a rejeita. Como vingança ela interfere no seu próximo combate, primeiro assumindo a forma de uma enguia, fazendo-o tropeçar; depois, com a forma de um lobo, provocando um estouro da boiada, e finalmente como uma novilha que conduz o rebanho em fuga - tal como havia ameaçado em seu primeiro encontro. Cúchulainn é ferido por cada uma das formas que ela assume mas, apesar disto, consegue derrotar seus oponentes. Ao final ela reaparece-lhe, como uma velha que trata-lhe os ferimentos causados por suas formas animais, enquanto ordenha uma vaca. Ela oferece a Cúchulainn três copos de leite. Ele a abençoa por cada um deles, e suas feridas são curadas.
Numa das versões sobre o conto da morte de Cúchulainn, falando sobre como o herói enfrenta seus inimigos, diz-se que este encontra Morrígan como uma velha que lava sua armadura ensangüentada à margem do rio - um presságio de sua morte. Depois, mortalmente ferido, Cúchulainn amarra-se a uma pedra com suas próprias entranhas, para assim poder morrer em pé... somente quando um corvo pousa sobre seu ombro é que os inimigos acreditam que realmente está morto.
Ciclo mitológico.
Morrígan também aparece em textos do chamado "Ciclo Mitológico" celta. Na compilação pseudo-histórica Lebor Gabália Érenn, do século XII, ela está listada entre Tuatha Dé Danann, como uma das filhas de Ernmas, neta de Nuada.
Natureza e atributos.
Morrígan é freqüentemente considerada como uma deusa trina, mas a sua suposta natureza tripla é ambígua e inconsistente. Às vezes surge como uma de três irmãs, as filhas de Ernmas: Morrígan, Badb e Macha. Por vezes a trindade consiste em Badb, Macha e Nemain - coletivamente conhecidas como Morrígan ou, no plural, como as Morrígan. Ocasionalmente Fea ou Anu também surgem, em várias combinações. Morrígan, porém, muitas vezes aparece só, e seu nome por vezes é transmutado para Badb, sem a terceira "forma" mencionada.
Morrígan é usualmente tida como "deusa guerreira": W. M. Hennessey, em sua obra A antiga deusa irlandesa da guerra, escrita em 1870, foi influenciado por esta interpretação. O seu papel envolve freqüentemente a morte violenta de determinado guerreiro, ao tempo em que é sugerida uma ligação com Banshee (espécie de fada) do folclore posterior).F.P.Wikepédia.
CÚ CHULAINN.
O Guerreiro de Ulster.
Cú Chulainn significa o "cachorro da casa de Cullan". Quando era menino seu nome era "Setanta" que significa ‘o pequeno’. Converteu-se em Cú Chulainn quando matou o cachorro guardião do ferreiro Cullan, e assim prometeu guardar a casa do ferreiro no lugar do cachorro. Cú Chulainn é um dos grandes heróis irlandeses. Os feitos mais famosos deste herói encontram-se na saga Táin Bó Cualgne (O roubo do gado de Cooley).
Cú Chulainn, o Aquiles irlandês, realizou grandes proezas em sua curta vida.
Os sonhadores olhos do herói refletem seu idealismo, expressado na inscrição que há abaixo do seu retrato retrato: "Não me importa viver um só dia se minha fama e poder são imperecíveis".
Cú Chulainn, herói irlandês de características sobrenaturais, era o guerreiro campeão de Ulster, o personagem mais famoso dos relatos que compõem o Ciclo do Uladh. Seu nome significa "o sabujo de Cullan", porém normalmente o apelidavam Sabujo de Ulster.
Seu nascimento já tem características mágicas, pois tem um pai divino e outro mortal. A mãe de Cu Chulainn era Dechtire, filha do druida Cathbad que era, por sua vez, conselheiro do rei Conchobar. Foi Cathbad quem predisse que Cu Chulainn seria um grande guerreiro, porém que morreria jovem. Pouco antes de Dechtire casar-se com Sualtam, irmão do deposto líder de Ulster Fergus, fugiu para o Mais Além com suas cinqüenta damas todas transformadas em um bando de pássaros. Durante o banquete das bodas ela engoliu uma mosca que a fez sonhar com o deus solar Lugh, que foi quem lhe disse que empreenderia essa viagem. Cathbad tranqüilizou seu genro dizendo que Dechtire só fora visitar seus parentes, já que seu avô materno era Aenghus. O certo é que Lugh manteve Dechtire distante durante três anos.
Quando Dechtire e suas damas regressaram para Emain Macha – a fortaleza dos reis de Ulster – na forma de pássaros de brilhantes cores, ela esperava um filho de Lugh, Setanta. Porém Sualtam estava tão feliz em ter sua esposa de volta que aceitou o menino como se fosse seu próprio filho.
Desde jovem Setanta aprendeu as artes da guerra, porém ninguém tinha consciência de sua força e bravura até que ele matou um enorme cão com as sua mãos nuas. O bom ferreiro Cullan vivia só, totalmente entregue ao seu trabalho. Para cuidar de suas coisas e rebanhos tinha como guardião um enorme cão. Em certa ocasião, o Rei Conchobar recebeu convite de seu artesão para que compartilhasse da mesa de um simples forjador. O soberano, que conhecia o estilo de vida do ferreiro, procurou apresentar-se com uma pequena comitiva. Quando se dirigia para a casa de Cullan, viu que seu sobrinho Setanta estava vencendo a uns cinqüenta moços no jogo de competição. Ficou tão maravilhado com a força e destreza do menino, que o convidou para que o acompanhasse, como se ele já fosse um dos seus guerreiros. Porém Setanta quis terminar as provas.
Quando Conchobar chegou a casa do ferreiro já não lembrava que seu sobrinho também chegaria. O ferreiro fechou as portas do muro que rodeava a sua casa e deixou o cão solto como guardião diante da porta. Quando o menino chega, entra no cercado e o cão atira-se contra ele. Porém no momento em que o cão abre a boca, Setanta coloca em sua garganta uma bola das que se utilizava nas competições. Não termina aqui a coisa: estrangula-o e joga-o contra a parede, estilhaçando sua cabeça contra um dos pilares da entrada.
Os convidados saem da casa para ver o que está acontecendo e vêem um menino de seis anos junto ao cachorro destroçado. Ao ver aquilo, Cullan se entristece demais. Aquele cachorro era seu companheiro inestimável, seu colaborador mais fiel. Setanta insiste em consolá-lo: Não te aflijas. Presentearei-te com um cachorro que, quando crescer, te prestará o mesmo serviço que até hoje te prestou teu cachorro guardião. Enquanto o cachorro cresce eu farei às vezes de guardião como se fosse o teu cachorro.
Cullan agradeceu o gesto, porém recusou a oferta. E por aquela bela ação, o druida Cathbad deu a Setanta um novo nome: “O cachorro de Cullan”, com o qual, desde então, ficou conhecido por todas as pessoas de Ulster e também pelas pessoas vizinhas àquelas terras.
Sendo ainda um rapaz, Setanta inicia um complexo processo ritual que o conduzirá à aquisição final da condição de guerreiro, momento que acontece quando escuta os bons augúrios do druida para quem nesse determinado dia tomara as armas, coisa que ele exige e consegue das mãos do rei, não sem antes haver vencido vários jogos até encontrar os mais apropriados à sua força.
Cú Chulain era muito admirado por todas as mulheres. Enamorou-se de Emer, filha de Fogall, um astuto chefe de clã cujo castelo estava próximo de Dublin. Cú Chulain pediu a mão da moça, mas seu pai, que era contra a união, exigiu que Cú Chulain consolidasse sua reputação de guerreiro sugerindo que ele aprendera as suas técnicas de luta com o campeão escocês Domhall.
Cú Chulain concluiu por Domhall que o melhor mestre de armas era Scathach, uma princesa guerreira da Terra das Sombras. Partiu para o misterioso lugar e pôs-se a sua disposição. Scathach ensinou-lhe a sua famosa estratégia de combate. O jovem herói foi treinado por ela durante um ano e um dia e fez-se amante de sua filha Uathach.
Aparentemente Scathach temia pela segurança de Cú Chulain, e tentou impedir sem êxito o seu confronto com a amazona Aoifa, inimiga declarada de Scathach. No entanto ele o fez e consegui vencê-la valendo-se da sua astúcia, fez-se amante e teve um filho com ela, o infortunado Conlai. Mais tarde Conlai foi morto pelo pai, pois saindo da Terra das Sombras para visitar Ulster, lá eles não se reconheceram e o enfrentamento foi inevitável.
Desgraçadamente o anel de ouro que Conlai portava denunciou sua identidade quando já era tarde demais.F.P.Wikepédia.
quinta-feira, 24 de março de 2011
Avalon e as Deusas.
Nos contos do Mabinogion e no Ciclo Irlandês, podemos observar a busca pelas Deusas de Avalon e suas múltiplas facetas, invocadas na imagem de rainhas, sacerdotisas, Deusas... Mulheres que normalmente desempenhavam um papel importante nas terras célticas, qualificadas nos dons da cura e da soberania, tanto na criação como na transformação. Elas foram conhecidas como as mantenedoras dos mistérios divinos.
As Deusas que possuem uma forte ligação com a Ilha Sagrada de Avalon, são as Deusas irlandesas: Dana, Brighid e Morrighan. Além das Deusas galesas, conhecidas como as guardiãs dos mistérios: Arianrhod, Blodeuwedd, Branwen, Cerridwen e Rhiannon.
Dana - Deusa Mãe da Irlanda.
"Filhos da Deusa irlandesa Dana ou Danann, representa o clã da unidade familiar."
Deusa da fertilidade, da vida e da abundância. Dana ou Danu era a Deusa-mãe da tribo dos Tuatha Dé Danann, povos da Deusa ou tribos de Dana. Seu nome significa "Conhecimento", alguns estudiosos acreditam que Dana e Ana sejam a mesma divindade.
Os membros da tribo que permaneceram na Irlanda formaram os "Daoine Sídhe", que literalmente significa "Povo das fadas". Habitantes do Sídhe ou colinas sagradas, os povos do Outro Mundo ou Avalon, a Ilha da Eterna Juventude (Tir na nÓg), conhecidos também como "Os que sempre vivem", pois guardavam o segredo da imortalidade.
Brighid - Deusa amada por todos.
"Bride tem um pomar, doce jardim do outro lado da montanha
Maçãs crescem nas árvores e são colhidas duas vezes por ano
As abelhas fazem mel que levam para todas as direções cardeais
Aspergindo doçura sobre todas as estradas do meu amor."
A Senhora da inspiração poética (o imbas ou awen sagrado), da cura e da fertilidade. Brighid é a Deusa da forja, da arte, da poesia e da cura, além de ter uma forte ligação com os bardos e os xamãs. Brighid também é a Deusa do fogo sagrado, a centelha da vida, que até os dias de hoje conserva-se o costume do fogo perpétuo, mantido no seu templo, que fica na província de Leinste, leste da Irlanda.
Nos mitos arthurianos, a espada que simboliza Arthur é Excalibur, forjada por mulheres em Avalon, na Ilha das Maçãs. Brighid também tinha um pomar mágico de maçãs, na qual as abelhas viajavam para obter seu néctar abençoado. Filha de Dagda é associada à Imbolc e as águas doces de poços ou fontes, que ficavam próximos às colinas feéricas, além de ser considerada à guardiã dos poços sagrados.
Morrighan - A Grande Rainha.
"Morrigan, a filha de Ernmas, prosseguiu para anunciar a batalha e a grande vitória."
Deusa da guerra e do amor físico, Morrighan, em gaélico irlandês é Mhór Ríoghain, a Grande Rainha, patrona dos campos de batalha. Senhora Suprema da Guerra, possuía uma forma mutável e o poder mágico de predizer o futuro. Os mitos nos dizem que ela faz parte da tribo dos Tuatha Dé Danann.
Morrighan se envolve com o herói celta CuChulainn, no ciclo de Ulster, em "O Roubo do Gado de Regamna". Cuchulainn encontra Morrighan dirigindo uma novilha em seu território, não reconhece a Deusa e dirige-lhe vários insultos, enigmaticamente, ela diz: "Eu guardo a sua morte."
Outra referência são os mitos arthurianos, na batalha final de Camelan, Arthur é retirado dos campos de guerra por Morgan Le Fay, fazendo uma alusão à Deusa Morrighan, quando ele, finalmente, é levado para Avalon.
Arianrhod - A Roda de Prata.
"Arianrhod de aspecto louvável é a madrugada da serenidade."
Arianrhod, a virgem que dá a luz aos filhos Lleu e Dylan, depois de passar num teste de magia feito pelo seu tio, Math. Filha de Dôn e Belenos, irmã de Gwydion, é a Deusa da terra e da fertilidade, na tradição galesa. Senhora do renascimento em Avalon, associada à constelação Corona Borealis, seu nome literalmente significa "Roda Prateada" e sua morada nas estrelas é conhecida como a espiral da vida.
Seu castelo estelar também é chamado “Caer Arianrhod”, sendo considerada a guardiã da torre de vidro entre os mundos. Arianrhod é a representação da Mãe que é sempre virgem, pura. Aquela que dá à luz, mas que não pertence a nenhum homem.
Blodeuwedd - Deusa do Amanhecer.
"Nove poderes de nove flores,
Nove poderes em mim combinados;
Nove botões de plantas e árvores...
Longos e brancos são meus dedos,
Como a nona onda do mar."
Blodeuwedd é reverenciada em Avalon como a Deusa dos novos começos e da capacidade de renovação. Sua história pode ser encontrada no trecho do Mabinogion chamado de Math, filho de Mathonwy, que foi feita a partir de nove tipos de flores silvestres, por Math e Gwydion, para ser a esposa de Lleu (filho de Arianrhod), que depois foi transformada em coruja por causa da sua traição contra o marido.
Existem muito mais nessa história do que os olhos podem perceber... O nome Blodeuwedd significa "Rosto de Flor", representada muitas vezes, como um lírio branco. Deusa do amanhecer nos mitos galeses é associação à coruja e aos mistérios de Avalon.
Branwen - A filha de Llyr.
"Ela foi uma das três matriarcais da ilha, a mulher mais bela do mundo!"
A Deusa Branwen é a personificação da soberania e a representação suprema de Avalon. Há um capítulo inteiro do Mabinogion que carrega seu nome - Branwen, a filha de Llyr. O Corvo Branco e irmã de Bran, o Abençoado. Tornou-se Rainha da Irlanda e posteriormente, foi extremamente maltratada por seu marido, ao insultar o povo irlandês.
Branwen foi obrigada a trabalhar como copeira e da sua cozinha-prisão, treinou um estorninho para levar mensagens de volta ao País de Gales, descrevendo sua situação e pedindo ajuda. Bran liderou uma expedição para resgatá-la, mas foi ferido mortalmente e Branwen morreu de tristeza ao saber. Branwen é a Deusa galesa do amor e da justiça.
Cerridwen - A Senhora do Caldeirão.
"Eu obtive minha Inspiração do caldeirão de Cerridwen."
Nos contos de “Hanes Taliesin”, Cerridwen é reverenciada em Avalon como uma sábia anciã. É a Deusa galesa da transformação, cujo o caldeirão adentramos para renascer. O caldeirão é um dos principais símbolos de Cerridwen, associado à fertilidade, a regeneração e ao renascimento.
O Bardo Taliesin, Druida da corte do rei Arthur, nascera de Cerridwen e se tornara-se um grande mago, após tomar algumas gotas de uma poderosa poção que Cerridwen preparava para o seu filho, Avagddu, no Caldeirão da Inspiração.
O caldeirão também é uma analogia ao Graal, que pode curar todos os males, reviver os mortos e curar os enfermos. Cerridwen vive ao lado de um lago, em Avalon, sendo a detentora do Caldeirão da vida e da morte.
Rhiannon - A protetora dos cavalos.
"E os pássaros de Rhiannon...
Cantavam para Ela lá no Outro Mundo,
Trazendo-lhe muitas alegrias."
Rhiannon é representada pela égua branca, a rainha galesa do Outro Mundo, cujos pássaros poderiam confortar as almas sofredoras. É a Deusa dos encantamentos e da fertilidade, equivalente à Macha, na mitologia irlandesa e Epona, na mitologia galesa. Rhiannon teve seu filho roubado logo que ele nasceu e foi acusada, injustamente, por sua morte, descrito nos contos do Mabinogion em Pwyll, o Príncipe de Dyfed.
Sua poderosa presença é evocada em Avalon, por sua personalidade única e de origem misteriosa. É a Rainha soberana, que transmite todo seu poder através das suas palavras, inspirando-nos à sabedoria e a paciência. Que assim seja!
Referência bibliográfica:
BELLINGHAM, David - Introdução à Mitologia Céltica - Lisboa: Ed. Estampa, 1999.GUEST, Lady Charlotte - The Mabinogion - Ed. Kinkley, 1887.
MACCULLOCH, J.A. - A Religião dos Antigos Celtas - Edinburgh: T. & T. CLARK, 1911.
MONAGHAN, Patricia - The Encyclopedia of Celtic Mythology and Folklore - Facts On File: New York, 2004.
SQUIRE, Charles - Mitos e Lendas Celtas - Ed. Nova Era, 2003.
quarta-feira, 23 de março de 2011
A LINGUAGEM DOS PÁSSAROS.
Um grupo de pássaros desejava encontrar a seu rei; então pediram à poupa sábia (um pássaro com crista em forma de abano) que lhes ajudasse em sua busca. A poupa lhes disse que o rei que estão procurando se chama Simurgh (que significa em persa: Trinta Pássaros) e que vive escondido na montanha de Kaf, porém é uma viajem muito difícil e perigosa. Os pássaros imploram à poupa que os guie. A poupa aceita e começa a ensinar a cada pássaro de acordo com seu nível e temperamento. Ela lhes diz que para alcançar o alto da montanha, necessitam atravessar cinco vales e dois desertos; quando tiverem passado o segundo deserto, entrarão no palácio do rei.
Os de vontade débil, temerosos da viagem, começam a por desculpas.
O louro, que é egocêntrico e egoísta, diz que no lugar de ir a busca do rei, buscará o Santo Gral.
O pavão real, a ave legendária do paraíso, exclama que tem sonhado que voltará ao céu e que vai esperar pacientemente esse dia.
A pata se lamenta porque sua vida depende de estar próxima da água e morreria se si separasse dela.
A garça tem uma desculpa similar; não lhe é possível viajar longe do mar, porque seu amor pela água é tão grande que, embora permaneça sentado durante anos à sua margem, não tem ousado beber nem uma gota, se não o mar acabaria sem água.
A coruja declara que prefere ficar e buscar as ruínas com a esperança de encontrar um tesouro algum dia.
O rouxinol diz que não necessita viajar, porque está enamorado da rosa e este amor é suficiente para ele. Possui os segredos do amor que nem outra criatura tem; e com uma voz maravilhosa canta ao amor:
- Conheço os segredos do amor. Toda noite derramo meu canto de amor. A música mística da flauta se inspira em meu lamento, e sou eu quem faz desabrochar a rosa e comover os corações dos namorados. Ensino mistérios com minhas tristes notas, e quem me ouve se perde em êxtase. Ninguém conhece os meus segredos, unicamente a rosa. Tenho me esquecido de mim mesmo e só penso na rosa. Alcançar a Simurgh está acima de mim! O amor da rosa é suficiente para o rouxinol!
A poupa que escutou pacientemente responde ao rouxinol:
- Tu estás preocupado com a forma exterior das coisas, pelos prazeres de uma forma sedutora. O amor da rosa tem lançado espinhos a teu coração. Não importa quão grande seja a beleza da rosa, se desvanecerá em poucos dias; e o amor a algo tão passageiro só pode causar repulsa ao perfeito. Se a rosa te sorri é só para enxerte de dor, porque ela rir-se de ti a cada primavera. Abandona a rosa e seu quente calor.
O que quer dizer Attar com esta simples conversação?
Nós humanos temos o desejo de buscar a perfeição, mas muitas vezes tendemos a parar o processo tão logo detectamos o mais ligeiro sinal de progresso. Isto é especialmente certo nos aspirantes ao caminho espiritual: muitos buscadores estão encantados com as primeiras etapas do despertar e o confundem com a completa iluminação. Attar nos adverte de tais perigos: não devemos confundir o amor do imaginário com o amor do Real. Por esta razão, o rouxinol tem que abandonar seu enganoso apego pela rosa para buscar ao eterno Amado.
A poupa deleita os pássaros com maravilhosas histórias daqueles que têm feito a perigosa viagem. Depois de ter ouvido as histórias da poupa, os pássaros estão inspirados para começar sua viajem até o primeiro vale.
Entretanto, logo começam a ter problemas, e se dão contas de que o caminho vai ser mais difícil do que haviam imaginado. Alguns voltam a por desculpas. Um afirma que a poupa não é suficientemente sábia para conduzi-los. Outro se queixa que satanás lhe tem possuído e lhe está pondo as coisas difíceis. E outro expressa seu desejo de ter dinheiro e a comodidade de uma vida de luxo.
Finalmente, a poupa decide que a única forma para que os pássaros compreendam, é descrever-lhes os sete vales e desertos da viajem.
O primeiro é o Vale da Busca. Aqui se busca a Verdade com inquietude, diz a poupa. Com constância, se busca um significado maior ao propósito da vida. Só um buscador com dedicação pode atravessar a salvo o primeiro vale e ir ao segundo, o Vale do Amor. Aqui se sente um desejo ilimitado de ver ao Rei Amado. Um fogo abrasador começa a crescer no coração e se faz devastador. O lugar é mais perigoso que o primeiro vale, porque há obstáculos no caminho para por a prova o amor.
Entretanto esse mesmo amor impulsiona ao buscador sair do vale e ir até uma terra mais alta: o terceiro vale, o Vale do Conhecimento. Uma vez que se entra nesta terra, o coração se ilumina com a verdade. Se adquire aqui o conhecimento interior do Amado. Deste lugar o viajante continua a viajem ao Vale do Desapego, onde perde seus desejos de possessões mundanas. Não existem ataduras com o mundo material para o viajante que atravessa esse vale; liberado dos desejos agora o aspirante é completamente independente.
Cada novo lugar que o buscador encontra é mais perigoso que o anterior e deve ser explorado passo a passo, porque cada um contém suas próprias provas e dificuldades. Assim, a cada encontro com uma terra diferente é uma experiência nova.
O quinto vale é o Vale da Unidade. O viajante experimenta nele que todos os seres são unos em essência, que toda variedade de idéias, experiências e criaturas da vida tem realmente uma só fonte. O viajante chega ao Deserto do Medo. Então se esquece da existência de si mesmo e de todos os demais. Vê a luz, não com os olhos da mente, sim com os olhos do coração. A porta do divino tesouro, o segredo dos segredos, se abre. Nesta terra, o intelecto já não funciona. Aqui se pergunta ao viajante quem é e o que és, responde: 'Não sei nada'.
Finalmente, chega ao Deserto do Aniquilamento e da Morte. Neste ponto, o aspirante entende finalmente como uma gota se funde no oceano da unidade com o Amado. Tem encontrado o destino da viajem para encontrar ao rei.
Depois de ouvir a descrição da poupa sobre o que lhes espera, os pássaros se animam tanto que imediatamente continuam sua viajem.
No caminho alguns morrem pelo calor e se jogam no mar. Outros se cansam e não podem continuar; um grupo é caçado por animais selvagens e outros mais se distraem tanto pelo atrativo das terras que atravessam, que se perdem e ficam para trás. Só trinta alcançam seu destino: a montanha de Kaf.
No palácio real, o guarda da entrada trata cruelmente os trinta pássaros. Mas os pássaros, que têm passado o pior, são tolerantes e não se permitem sentirem molestados por sua dureza. Finalmente, o servidor pessoal do rei sai e conduz os pássaros ao salão real. Ao entrar, os pássaros olham tudo assustados. Não sabem o que ocorre, porque no lugar de ver a Simurgh, 'Trinta Pássaros', tudo o que vêm é... Trinta Pássaros.
Finalmente, compreendem que, olhando-se a si mesmos, têm encontrado ao rei, e que em sua busca do rei, têm encontrado a si mesmos.
Os que atravessam as sete cidades do amor se purificam. Quando chegam ao palácio real, encontram ao rei que se revela a seus corações.
"Fariduddin Attar"
do livro: História de la Tierra de los Sufíes.
A NUVEM E A DUNA.
Uma jovem nuvem nasceu no meio de uma grande tempestade no Mar Mediterrâneo. Mas sequer teve tempo de crescer ali; um vento forte empurrou todas as nuvens em direção à África.Assim que chegaram ao continente, o clima mudou: um sol generoso brilhava no céu, e embaixo se estendia a areia dourada do deserto de Saara. O vento continuou empurrando as nuvens em direção às florestas do sul, já que no deserto quase não chove.
Entretanto, assim como acontece com os jovens humanos, também acontece com as jovens nuvens: ela resolveu desgarrar-se dos seus pais e amigos mais velhos, para conhecer o mundo.
- O que você está fazendo? - reclamou o vento. - O deserto é todo igual! Volte para a formação, e vamos até o centro da África, onde existem montanhas e árvores deslumbrantes!
Mas a jovem nuvem, rebelde por natureza, não obedeceu; pouco a pouco, foi baixando de altitude, até conseguir planar em uma brisa suave, generosa, perto das areias douradas. Depois de muito passear, reparou que uma das dunas estava sorrindo para ela. Viu que ela também era jovem, recém-formada pelo vento que acabara de passar. Na mesma hora, apaixonou-se por sua cabeleira dourada.
- Bom dia - disse. - Como é viver aí embaixo?
- Tenho a companhia das outras dunas, do sol, do vento, e das caravanas que de vez em quando passam por aqui. Às vezes faz muito calor, mas dá para agüentar. E como é viver aí em cima?
- Também existe o vento e o sol, mas a vantagem é que posso passear pelo céu, e conhecer muita coisa.
- Para mim a vida é curta - disse a duna. - Quando o vento retornar das florestas, irei desaparecer.
- E isso a entristece?
- Me dá a impressão que não sirvo para nada.
- Eu também sinto o mesmo. Assim que um novo vento passar, irei para o sul e me transformarei em chuva; entretanto, esse é meu destino.
A duna hesitou um pouco, mas terminou dizendo:
- Sabe que, aqui no deserto, nós chamamos a chuva de Paraíso?
- Eu não sabia que podia me transformar em algo tão importante - disse a nuvem, orgulhosa.
- Já escutei várias lendas contadas por velhas dunas. Elas dizem que, após a chuva, nós ficamos cobertas de ervas e de flores. Mas eu nunca saberei o que é isso, porque no deserto chove muito raramente.
Foi a vez de a nuvem ficar hesitante. Mas logo em seguida, tornou a abrir seu largo sorriso:
- Se você quiser, eu posso lhe cobrir de chuva. Embora tenha acabado de chegar, estou apaixonada por você, e gostaria de ficar aqui para sempre.
- Quando a vi pela primeira vez no céu, também me enamorei - disse a duna. - mas se você transformar sua linda cabeleira branca em chuva, terminará morrendo.
- O amor nunca morre - disse a nuvem. - Ele se transforma; e eu quero mostrar-lhe o Paraíso.
E começou a acariciar a duna com pequenas gotas; assim permaneceram juntas por muito tempo, até que um arco-íris apareceu. No dia seguinte, a pequena duna estava coberta de flores. Outras nuvens que passavam em direção à África achavam que ali estava parte da floresta que andavam buscando, e despejavam mais chuva. Vinte anos depois, a duna havia se transformado num oásis, que refrescava os viajantes com a sombra de suas árvores. Tudo porque, um dia, uma nuvem apaixonada não tivera medo de dar sua vida por causa do amor.
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